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Quase 100 integrantes do EI se entregam na cidade de Raqa

Três anos após as conquistas no Iraque e na Síria, o EI se encontra encurralado em seus últimos redutos

Raqa: cidade é um dos redutos do EI (Erik De Castro/Reuters)

Raqa: cidade é um dos redutos do EI (Erik De Castro/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de outubro de 2017 às 11h39.

Quase 100 combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na cidade síria de Raqa se renderam nas últimas 24 horas, anunciou neste sábado a coalizão antijihadista internacional liderada pelos Estados Unidos, que rejeitou a saída dos últimos combatentes estrangeiros entrincheirados.

Três anos após as conquistas no Iraque e na Síria, o EI se encontra encurralado em seus últimos redutos. O seu "califado", autoproclamado em junho de 2014, desmorona ante a ofensiva apoiada por Estados Unidos e Rússia.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança de combatentes árabes e curdos apoiada pela coalizão, entraram em Raqa em junho e reconquistaram a cidade progressivamente. Os extremistas estão entrincheirados em seus últimos redutos.

Nos últimos dias aconteceram negociações para garantir a conquista dos redutos dos jihadistas e permitir a saída dos civis presos pelos combates, muitas vezes utilizados como escudos humanos.

As negociações foram lideradas pelo Conselho Civil de Raqa, uma administração local próxima às FDS, e por comandantes tribais.

Quase 1.500 civis fugiram esta semana, aproveitando a trégua tácita que acompanhou as negociações, segundo a coalizão, que calculou a presença de quase 4.000 civis em Raqa nos últimos dias.

As discussões também abordaram a saída dos jihadistas sírios e dos estrangeiros.

De acordo com a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), "todos os combatentes sírios do EI saíram da cidade de Raqa durante os últimos cinco dias" e prosseguem as negociações sobre os combatentes estrangeiros.

"Nas últimas 24 horas, quase 100 terroristas do EI se renderam em Raqa e foram retirados da cidade", afirma um comunicado divulgado pela coalizão, sem informar se estes eram sírios ou estrangeiros.

Uma fonte local, que pediu anonimato, afirmou que os jihadistas que se entregaram eram sírios.

Outra fonte das FDS indicou que ônibus e caminhões aguardavam na entrada de Raqa para transportar os combatentes que entregaram as armas até Deir Ezzor, uma província do leste do país ainda controlada parcialmente pelo EI.

Um total de 150 combatentes estrangeiros ainda estariam em Raqa, segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

"As negociações continuam para retirar os jihadistas estrangeiros, que pedem para viajar até os setores sob seu controle na província de Deir Ezzor" (leste), afirmou Abdel Rahman.

Mas o comunicado divulgado pela coalizão explica que os combatentes estrangeiros do EI que permanecem em Raqa "não estão autorizados a sair" da cidade e prevê "combates difíceis nos próximos dias".

Um porta-voz das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), principal componente das FDS, descartou categoricamente a possibilidade de um acordo com o EI.

"Estamos a ponto de acabar com Daesh em Raqa", disse à AFP, usando o acrônimo em árabe do EI.

"Desmentimos completamente qualquer tipo de negociação ou acordo para a saída do Daesh. No momento continuamos combatendo o Daesh", completou.

Vários países ocidentais temem que a desmobilização do EI na Síria e no Iraque estimule os jihadistas a retornar para seus países de origem.

Raqa é a cidade onde foram planejados os grandes atentados que o EI reivindicou na Europa nos últimos anos.

Neste sábado, a agência oficial Sana anunciou que as forças do regime sírio "recuperaram o controle" de Mayadin, um dos últimos redutos do EI no leste da Síria.

Na quinta-feira, com ajuda de bombardeios russos, as forças do regime conseguiram entrar em Mayadin, onde assumiram o controle de quatro bairros e forçaram os jihadistas a recuar até o rio Eufrates, limite com a cidade na província de Deir Ezzor.

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