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Quando a geografia não ajuda a cumprir o Ramadã

O Ramadã deste ano será um dos mais duros já vistos, já que as longas jornadas de jejum irão coincidir com o mês lunar e seu solstício de verão


	Muçulmanos filipinos rezam durante o Ramadã: durante as horas de sol, o muçulmano deve abrir mão de comer, beber, fumar e ter relações sexuais
 (REUTERS/Romeo Ranoco)

Muçulmanos filipinos rezam durante o Ramadã: durante as horas de sol, o muçulmano deve abrir mão de comer, beber, fumar e ter relações sexuais (REUTERS/Romeo Ranoco)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 16h29.

Rabat - O Ramadã deste ano, que começa amanhã para os muçulmanos de todo o mundo, será um dos mais duros já vistos, já que as longas jornadas de jejum irão coincidir com o mês lunar e seu solstício de verão no próximo dia 21.

Durante as horas de sol, o muçulmano deve abrir mão de comer, beber, fumar e ter relações sexuais. Quando a noite chega é quando todas as atividades acontecem, ao mesmo tempo em que é o momento de socialização entre famílias e amigos.

O Ramadã começa desta vez quatro dias antes do solstício e continua por mais 24 depois dessa data. Outra peculiaridade é que este ano a data acontecerá também na época de maior calor em todo o hemisfério norte, onde se concentra a maioria dos muçulmanos do planeta.

O site "arabiawheather.com", especializado em meteorologia, preparou um infográfico para comparar a quantidade de horas que um cidadão muçulmano deverá jejuar em média este ano.

Os países mais próximos à Linha do Equador, como a Somália, jejuarão 13 horas e 29 minutos, já os da Argélia, por viverem no país árabe mais ao norte, suportarão um jejum de 16 horas e 44 minutos.

Superarão igualmente as 16 horas de jejum os fiéis no Marrocos, na Tunísia, na Líbia, no Líbano, na Síria e no Iraque. Em todos estes países as noites serão muito curtas, com apenas oito horas, nas quais o crente deve se alimentar e fazer suas preces, particularmente a do "icha" e do "tarawih", orações noturnas específicas do mês sagrado.

Mas o Ramadã é por excelência um mês familiar e de socialização e muito frequentemente quando as famílias se encontram em longas vigílias onde se quebra o jejum com o jantar.

A vida nas ruas também ressurge depois das horas de jejum. Alguns vão às mesquitas para continuar rezando, outros preferem se reunir nos cafés, talvez buscando essa atmosfera de abertura tão típica das noites do Ramadã, principalmente nos meses de verão.

Para alguns, no entanto, trata-se de um período no qual se dorme muito pouco e isto se torna um problema para aqueles que trabalham na indústria e nos setores administrativos, que começam suas jornadas às 8h.

Os países com maioria muçulmana adaptaram seus ritmos de vida à realidade do Ramadã. Com isso, os cafés fecham durante o dia e os comércios abrem só a partir da tarde e a Administração libera seus funcionários duas ou três horas mais cedo.

No entanto, a realidade é muito mais dura para os milhões de muçulmanos que vivem na Europa e em países onde não há "a exceção do Ramadã" e onde as empresas esperam de seus empregados o mesmo que em qualquer outra época do ano.

Além disso, a situação geográfica dos países do norte da Europa, como Alemanha, Holanda e Bélgica ou, mais ainda, nos países escandinavos, faz o Ramadã ser particularmente penoso pela duração das horas de sol. Na Dinamarca, por exemplo, o dia 21 terá 21 horas e 56 minutos de luz solar.

Timidamente, algumas páginas e fóruns na internet sugerem que os muçulmanos desses países possam se alinhar à Arábia Saudita (por ser o país onde está Meca) para fazer o jejum dos fiéis não apenas suportável, mas também realizável.

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