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Putin vê uma década repleta de ameaças por um Ocidente em pleno declínio

"A próxima década provavelmente a mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, importante desde o final da Segunda Guerra Mundial", disse Putin em Moscou

Vladimir Putin: A Rússia lançou no final de fevereiro uma ofensiva contra a Ucrânia, que encontrou uma forte resistência, apoiada pelos países ocidentais (AFP/AFP Photo)

Vladimir Putin: A Rússia lançou no final de fevereiro uma ofensiva contra a Ucrânia, que encontrou uma forte resistência, apoiada pelos países ocidentais (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 27 de outubro de 2022 às 17h01.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira, 27, que o mundo está entrando na década "mais perigosa" desde 1945 e que a Rússia, em plena ofensiva militar na Ucrânia, luta por seu "direito a existir" ante potências ocidentais que tentam "desesperadamente" manter sua hegemonia.

"A próxima década provavelmente a mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, importante desde o final da Segunda Guerra Mundial", disse Putin em Moscou aos membros do Clube de Discussões Valdai, acrescentando que a situação é, "até certo ponto, revolucionária".

A atual operação militar na Ucrânia, acrescentou, é apenas parte dos "movimentos tectônicos em toda a ordem mundial".

"A Rússia não está desafiando as elites ocidentais, a Rússia só está tentando defender seu direito de existir", enquanto as potências ocidentais pretendem "destruir, apagar do mapa" a Rússia, afirmou.

Segundo Putin, as potências ocidentais são incapazes de "governar a humanidade sozinhas", ainda que "tentem desesperadamente fazê-lo".

"A maioria dos povos já não suporta mais isso", insistiu.

A Rússia lançou no final de fevereiro uma ofensiva contra a Ucrânia, que encontrou uma forte resistência, apoiada pelos países ocidentais.

Nas últimas semanas, o exército russo sofreu vários reveses diante de uma contraofensiva no leste e no sul, embora a Rússia tenha bombardeado infraestruturas que deixaram grande parte da Ucrânia sem eletricidade.

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Conjecturas nucleares

Consequências do uso de uma "bomba suja", no centro das acusações entre Rússia e Ucrânia desde domingo.

Em sua intervenção durante o fórum de discussões russo, Putin reiterou sua acusação de que a Ucrânia planeja lançar uma "bomba suja" sobre seu próprio território com o objetivo de acusar a Rússia, e pediu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) envie uma missão "o mais rápido possível" à Ucrânia.

Já a Ucrânia suspeita que a Rússia poderia lançar este tipo de bomba para justificar o uso de armas nucleares convencionais.

Uma bomba suja é um dispositivo convencional ao qual são adicionados materiais radioativos, biológicos e químicos, que se disseminam em sua explosão.

Putin afirmou que usar armamento nuclear na Ucrânia não faria "sentido em termos políticos, nem militares", para Rússia.

EUA veem a China como maior ameaça

O presidente Vladimir Putin afirmou, nesta quinta-feira, 27, que a Rússia defende seu ‘direito a existir’ ante o Ocidente, que deseja ‘destruí-la’. A declaração ocorre no momento em que Moscou intensifica a ofensiva militar na Ucrânia.

O conflito e as sanções ocidentais contra a Rússia provocaram uma disparada nos preços dos alimentos em todo o mundo e das contas de gás na Europa, às vésperas da chegada do inverno no hemisfério norte.

Em Washington, o Departamento de Defesa informou que considerava a Rússia como uma "ameaça grave" para os "interesses vitais" dos Estados Unidos, mas que sua maior preocupação é a China.

A China "representa o desafio mais transcendental e sistêmico, enquanto a Rússia apresenta uma ameaça grave", afirmou o Pentágono em um documento que estabelece sua estratégia militar para os próximos anos.

A China afirmou estar disposta a "aprofundar" sua cooperação com a Rússia "em todos os níveis", informou o ministro chinês de Relações Exteriores, Wang Yi.

"A China apoia o lado russo com toda a determinação (...) para superar as dificuldades e eliminar as interferências externas", disse Wang a seu colega russo, Serguei Lavrov, em uma conversa por telefone relatada pela televisão estatal chinesa CCTV. Nenhuma menção à Ucrânia foi divulgada no informe.

A Ucrânia continua a contar com o apoio financeiro ocidental e as contribuições prometidas pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE) deverão ser suficientes para 2023 se a guerra com a Rússia não se agravar, disse à AFP a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou na quarta-feira aos doadores internacionais a ajudarem seu país a cobrir um déficit orçamentário de 38 bilhões de dólares em 2023.

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