Vladimir Putin: o instituto é comandado por autoridades seniores aposentadas da inteligência externa da Rússia escolhidas pelo gabinete do presidente russo (Sergei Karpukhin/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de abril de 2017 às 20h04.
Última atualização em 19 de abril de 2017 às 20h05.
Washington - Um instituto do governo russo controlado por Vladimir Putin desenvolveu um plano para alterar o rumo da eleição presidencial dos Estados Unidos de 2016 a favor de Donald Trump e enfraquecer a confiança de eleitores no sistema eleitoral norte-americano, disseram três atuais e quatro ex-autoridades dos EUA à Reuters.
Elas descreveram dois documentos confidenciais do instituto como fornecedores do panorama e base lógica pelos quais agências de inteligência dos EUA concluíram ter sido um intenso esforço da Rússia de interferir na eleição de 8 de novembro.
Autoridades da Inteligência dos EUA adquiriram os documentos, preparados pelo Instituto Russo para Estudos Estratégicos, sediado em Moscou, após a eleição.
O instituto é comandado por autoridades seniores aposentadas da inteligência externa da Rússia escolhidas pelo gabinete de Putin.
O primeiro documento do instituto russo foi um documento estratégico escrito em junho e que circulou nos mais altos níveis do governo russo, mas não tinha como destino indivíduos específicos.
O documento recomendava que o Kremlin realizasse uma campanha de propaganda nas redes sociais e nos veículos de notícias globais apoiados pelo Estado russo para encorajar eleitores dos EUA a votarem em um presidente que assumisse um tom mais suave em relação à Rússia do que o então presidente Barack Obama, disseram as sete autoridades.
O segundo documento do instituto, esboçado em outubro e distribuído da mesma maneira, alertava que a candidata presidencial democrata Hillary Clinton era provável vencedora da eleição.
Por esta razão, segundo o documento, seria melhor para a Rússia finalizar sua propaganda pró-Trump e intensificar sua mensagem sobre fraudes eleitorais e prejudicar a legitimidade do sistema eleitoral norte-americano e danificar a reputação de Hillary, em esforço para prejudicar sua presidência, afirmaram as sete autoridades.
As atuais e ex-autoridades norte-americanas falaram em condição de anonimato por conta das informações confidenciais dos documentos russos.
Elas se negaram a falar sobre como os EUA conseguiram os documentos.
Agências de inteligência dos EUA também se negaram a comentar.
Putin nega ter interferido na eleição dos EUA.
O porta-voz de Putin e o instituto russo não responderam a pedidos de comentários.
Os documentos foram essenciais para a conclusão do governo Obama de que a Rússia iniciou uma campanha de "notícias falsas" e realizou ataques cibernéticos contra grupos do Partido Demcorata e a campanha de Hillary, disseram as fontes.
"Putin tinha o objetivo em mente o tempo inteiro e ele pediu para o instituto desenhar um mapa", disse uma das fontes, uma ex-autoridade sênior da inteligência dos EUA.
Trump disse anteriormente que atividades russas não tiveram impacto no resultado da corrida eleitoral.
Investigações em curso no Congresso e FBI sobre a interferência russa não produziram até o momento evidências públicas de que aliados de Trump conspiraram com os esforços russos para alterar o resultado da eleição.