Russian President and presidential candidate Vladimir Putin meets with the media at his campaign headquarters in Moscow on March 18, 2024. (Photo by NATALIA KOLESNIKOVA / POOL / AFP) (NATALIA KOLESNIKOVA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 12 de agosto de 2024 às 18h24.
O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou, nesta segunda-feira, 12, ao Exército de seu país que "expulse" as tropas ucranianas, que em quase uma semana tomaram 28 localidades na região de Kursk, segundo as autoridades locais.
O chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Syrsky, garantiu em um vídeo que suas tropas continuam "realizando operações ofensivas na região de Kursk" e que assumiram o controle de "cerca de 1.000 km2 do território da Federação Russa".
Na última terça-feira, a Ucrânia lançou uma operação surpresa em grande escala nesta região fronteiriça, dois anos e meio após o início da ofensiva russa na ex-república soviética, depois de meses de retirada perante as forças de Moscou no front leste.
Este é o maior ataque de um Exército estrangeiro em território russo desde a Segunda Guerra Mundial.
"Milhares" de soldados ucranianos participam da operação, declarou no domingo um alto funcionário da segurança ucraniana, com o objetivo de "ampliar as posições no inimigo, infligindo perdas máximas [e] desestabilizando a situação na Rússia".
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que a ofensiva em Kursk era "uma questão de segurança" para a Ucrânia, devido aos bombardeios russos em seu território.
Ele também voltou a pedir aos países ocidentais a autorização para usar mísseis de longo alcance em território russo. "Deve-se forçar a Rússia à paz", ressaltou.
A principal tarefa do Ministério da Defesa é, obviamente, expulsar o inimigo dos nossos territórios", declarou Putin nesta segunda-feira em uma reunião transmitida pela televisão.
O Exército ucraniano pretende "semear a discórdia na nossa sociedade, intimidar as pessoas, destruir a unidade e a coesão da sociedade russa", disse Putin, acusando Kiev de "fazer a vontade" das potências ocidentais.
Para Putin, trata-se de um revés inesperado, após meses de vantagens no front oriental na Ucrânia, onde pouco a pouco foi ganhando terreno. O Exército russo reivindicou nesta segunda-feira a tomada do povoado de Lisichne, no leste.
Na região de Kursk, as forças ucranianas assumiram o controle de 28 cidades, reconheceu o governador em exercício, Alexei Smirnov.
Segundo ele, a operação ucraniana abrange uma área de 40 quilômetros de largura e 12 quilômetros de profundidade em território russo.
Pelo menos 12 civis morreram e 121 ficaram feridos, "incluindo dez crianças", na incursão ucraniana, detalhou Smirnov.
As autoridades russas ordenaram, nesta segunda-feira, novas retiradas de civis nas regiões de Kursk e Belgorod, também na fronteira com a Ucrânia.
"Até o momento, 121 mil" pessoas "deixaram ou foram retiradas" de Kursk, afirmou Smirnov.
As autoridades de Belgorod também anunciaram evacuações de um distrito devido à situação "alarmante", apesar de os combates não terem chegado à região.
Em Moscou, a recepção de deslocados foi organizada há vários dias.
"Nossos compatriotas estão sofrendo", disse à AFP Ivan, advogado de 31 anos que levou roupas para um centro de coleta. "Em tempos como este, temos que apoiar".
Daria Chistopolskaya, uma parteira de 28 anos, foi mais crítica em relação às autoridades: "O Estado não se preocupa o suficiente com estas pessoas e as pessoas deveriam se ajudar mutuamente nestas situações", considerou.
Zelensky admitiu no sábado pela primeira vez o envolvimento do seu país na incursão na Rússia, indicando que pretende "deslocar a guerra para o território do agressor".
O ataque à região de Kursk é a maior e mais bem-sucedida operação transfronteiriça ucraniana desde o início do conflito.
As autoridades ucranianas instaram cerca de 20.000 civis na região de Sumy a evacuarem as suas cidades.
A Rússia lançou a sua operação na Ucrânia em fevereiro de 2022 e desde então tem mantido uma ofensiva implacável, ocupando áreas do leste e do sul do país e submetendo as cidades ucranianas a ataques diários de artilharia, mísseis e drones.
Analistas estimam que Kiev provavelmente lançou o ataque para aliviar a pressão sobre as tropas em menor número e desarmadas em outras partes do front.
Mas até agora, a incursão não enfraqueceu a ofensiva russa no leste da Ucrânia, onde Moscou ganha terreno há meses, disse um alto funcionário da segurança ucraniana, que pediu anonimato.
O funcionário garantiu que Kiev "respeita estritamente o direito humanitário" na sua ofensiva e que não tem intenção de anexar as áreas que ocupa atualmente.
Admitiu também que a Rússia, mais cedo ou mais tarde, "deterá" o avanço das tropas ucranianas na região de Kursk, mas se "depois de um certo tempo não conseguir retomar esses territórios, eles poderão ser usados para fins políticos", a exemplo de negociações de paz.