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Putin pede "diálogo sério" sobre desarmamento para "evitar caos"

O presidente russo avaliou que o fim do Tratado de Armas Nucleares complicou gravemente a situação no mundo e criou riscos fundamentais para todos

Vladimir Putin: Presidente russo divulga comunicado em que se mostra preocupado com fim do tratado de desarmamento nuclear pelos EUA (Arquivo/AFP)

Vladimir Putin: Presidente russo divulga comunicado em que se mostra preocupado com fim do tratado de desarmamento nuclear pelos EUA (Arquivo/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de agosto de 2019 às 15h15.

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu, nesta segunda-feira (5), um "diálogo sério" para "evitar o caos", após o fim do tratado de desarmamento nuclear INF, e advertiu que a Rússia se verá "obrigada" a desenvolver novos mísseis se Washington seguir por esse caminho.

Na sexta-feira, após seis meses de tentativas frustradas de diálogo, Estados Unidos e Rússia reconheceram o fim do Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) concluído durante a Guerra Fria e se responsabilizaram mutuamente pela morte deste emblemático texto bilateral.

Putin presidiu uma reunião de seu Conselho de Segurança e, fato raro, divulgou uma declaração publicada pelo Kremlin.

"Para evitar o caos, onde não há qualquer regra, limite, ou lei, devemos refletir novamente sobre todas as consequências perigosas possíveis e travar um diálogo sério, sem ambiguidades", afirmou Putin, no comunicado.

"A Rússia considera necessário retomar por completo e sem demora as conversas para garantir a estabilidade estratégica e a segurança. Nós estamos dispostos", acrescentou Putin.

O presidente advertiu contra uma "corrida armamentista ilimitada", se Washington se lançar à produção de mísseis proibidos pelo Tratado INF.

Já na sexta-feira, apenas algumas horas após o fim do tratado, os Estados Unidos anunciaram o desenvolvimento de novos mísseis convencionais.

"A Rússia se verá obrigada a começar o desenvolvimento de mísseis similares" aos dos Estados Unidos, ressaltou, ordenando aos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, assim como aos serviços de Inteligência, que acompanhem "atentamente" as iniciativas de Washington a este respeito.

O objetivo - completa Putin - é garantir que as iniciativas de Moscou tenham "exclusivamente um caráter de reciprocidade".

Os americanos afirmam que Moscou aumentou suas capacidades de maneira incompatível com as bases do INF, que se refere a mísseis com alcance de 500 a 5.500 quilômetros. Nos anos 1980, o tratado permitiu a eliminação dos mísseis russos SS20 e americanos Pershing, no centro da crise dos euromísseis.

"Riscos para todos"

"Os fatos são claros. A Federação da Rússia produz e mobiliza uma capacidade ofensiva que era proibida pelo tratado INF", afirmou na sexta-feira o secretário americano da Defesa, Mark Esper.

"Agora que nos retiramos, o Departamento da Defesa continuará plenamente com o desenvolvimento destes mísseis convencionais para lançamento terra-ar, como uma resposta prudente às ações da Rússia", declarou Esper.

A saída dos EUA foi formalizada na sexta de manhã pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, que estava em Bangcoc para reuniões regionais.

A Rússia rebateu, acusando Washington de ter "cometido um grave erro" e de ter criado "uma crise praticamente insuperável". Moscou voltou a propor "uma moratória sobre o envio de armas de alcance intermediário", o que foi rejeitado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O fim do tratado INF "complicou gravemente a situação no mundo e criou riscos fundamentais para todos", avaliou Putin nesta segunda, voltando a apontar que "a responsabilidade repousa inteiramente na parte americana".

"Apesar de tudo que aconteceu, contamos com o bom senso e com o senso de responsabilidade dos nossos colegas americanos e de seus aliados - diante de seus povos e diante de toda comunidade internacional", acrescentou.

Agora, resta em vigor apenas um acordo nuclear bilateral entre Moscou e Washington: o START, segundo o qual ambas as potências mantêm seus arsenais nucleares muito abaixo do nível da Guerra Fria. A última etapa chega a seu fim em 2021.

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