Rússia: Putin é acusado de querer ampliar seus poderes políticos (Mikhail Klimentyev/Reuters)
EFE
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 14h52.
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou nesta terça-feira que tenha proposto a reforma constitucional para seguir no poder, uma vez que a atual Constituição o obriga a deixar o Kremlin em 2024.
"Eu propus (a reforma), mas não para prolongar meus poderes", afirmou o governante durante uma reunião com representantes da comunidade local de Cherepobets, no noroeste da Rússia.
Essa foi a resposta de Putin aos que afirmam que as emendas constitucionais são uma manobra para se perpetuar no poder, seja no Kremlin ou à frente do Conselho de Estado, um órgão com amplos poderes que será incluído na Constituição.
"Mas é necessário, desta forma, prolongar os poderes do atual presidente? Eu não acho. Porque, se estamos falando de eleições para chefe de Estado, tudo deve ser feito para que haja uma alternativa", acrescentou.
Entre outros pontos, também propôs reduzir para dois o limite de mandatos presidenciais (totalizando 12 anos). Até agora, um presidente não poderia exercer mais do que dois mandatos consecutivos, mas poderia voltar ao Kremlin depois.
Putin ainda disse que propôs convocar um plebiscito para que os próprios russos decidam se aprovam ou não as emendas que ele apresentou no dia 15 de janeiro.
"Na minha opinião, apenas um voto nacional e, em essência, um plebiscito, e a expressão da vontade do povo devem ser o ponto final quando se trata de decidir sobre emendas à Constituição. Se forem aprovadas, então ninguém pode dizer que há algo de errado aqui. É a manifestação suprema da democracia", opinou.
Putin destacou que "quanto mais pessoas participarem deste processo, mais popular será a Constituição, e as pessoas que participarem deste processo se sentirão coautoras deste documento".
"Foi por isso que propus uma votação nacional. Para que mesmo aqueles que não participaram desta discussão participem da confirmação final das emendas propostas", argumentou.
O governante também calculou que o processo de debate da reforma constitucional levará "cerca de três meses e meio". A votação seria feita depois disso.
Putin ainda lembrou que o referendo de confiança em Boris Yeltsin, em abril de 1993, foi preparado durante "apenas 27 dias".
"Não há nada de extraordinário no que está sendo proposto. As emendas (à Constituição) foram introduzidas 15 vezes. Quinze", frisou.
A Duma (câmara baixa do Parlamento) aprovou as emendas de Putin em primeira leitura, velocidade que tem sido criticada pela oposição extraparlamentar.
A oposição ao Kremlin criou um conselho constitucional para apresentar as próprias emendas alternativas, iniciou uma campanha a favor do "não" na consulta popular e convocará protestos.