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Putin: "Forças" nos EUA estão prontas para sacrificar relações bilaterais

Na quarta, 19, Trump destacou sua "firmeza" frente à Rússia, sem conseguir amenizar críticas por suas contraditórias declarações sobre relações com Kremlin

Vladimir Putin: "Vemos nos Estados Unidos forças para as quais os interesses de seu partido são mais importantes do que os interesses nacionais" (Lehtikuva/Jussi Nukari/Reuters)

Vladimir Putin: "Vemos nos Estados Unidos forças para as quais os interesses de seu partido são mais importantes do que os interesses nacionais" (Lehtikuva/Jussi Nukari/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de julho de 2018 às 16h59.

O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou nesta quinta-feira (19) as "forças" nos Estados Unidos "prontas para sacrificar as relações russo-americanas", dois dias depois de uma reunião de cúpula em Helsinque com seu colega Donald Trump.

O magnata nova-iorquino foi muito criticado nos EUA por sua posição conciliadora.

Na surpreendente entrevista coletiva de Trump e Putin, em Helsinque, na segunda-feira, ambos mostraram grande sintonia, sobretudo em sua posição a respeito da ingerência russa na eleição presidencial americana de 2016. Essa sintonia causou revolta e mal-estar nos meios políticos em Washington, incluindo nas fileiras republicanas.

Na quarta-feira, Trump fez questão de destacar sua "firmeza" frente à Rússia, sem conseguir amenizar as críticas generalizadas por suas contraditórias declarações sobre as relações com o Kremlin.

"Nós vemos que há forças nos Estados Unidos que estão prontas para, facilmente, sacrificar as relações russo-americanas em suas ambições", declarou Putin, em discurso a embaixadores da Rússia reunidos em Moscou.

"Se não começarmos, a partir de hoje, o trabalho destinado a prorrogar este tratado, em um ano e meio este acordo vai terminar, deixará de existir", completou.

A reunião a portas fechadas dos dois presidentes, acompanhada apenas por seus respectivos intérpretes, deflagrou todo tipo de especulação. Alguns congressistas americanos pediram que a intérprete de Trump comparecesse ao Congresso.

"Vemos nos Estados Unidos forças para as quais os interesses de seu partido são mais importantes do que os interesses nacionais", denunciou Putin.

"A Rússia continua aberta, porém, a um reforço dos contatos com os Estados Unidos, com base na igualdade e nas vantagens mútuas", insistiu.

De fato, Trump garantiu, nesta quinta, estar impaciente para sua "segunda reunião com Putin" e voltou a defender que seu encontro em Helsinque foi "um grande êxito".

"A cúpula com a Rússia foi um grande êxito, exceto para o verdadeiro inimigo do povo, a mídia Fake News", tuitou o republicano.

"Agenda positiva"

"Precisamos de uma nova agenda positiva que nos permita realizar um trabalho comum, encontrar pontos de encontro. Falamos sobre isso, evidentemente, durante a reunião com o presidente americano, Donald Trump", acrescentou o chefe do Kremlin.

"Não apenas nossos dois povos, mas o mundo inteiro precisa disso. Como as duas principais potências nucleares, temos uma responsabilidade particular com a estabilidade estratégica e a segurança", advertiu Putin.

Depois de considerar na segunda-feira que sua reunião com Trump foi "muito bem-sucedida e muito útil", o presidente russo se referiu a uma mensagem publicado pelo presidente americano ontem de manhã no Twitter.

"Nos entendemos muito bem, o que incomodou algumas pessoas cheias de ódio que queriam ver uma luta de boxe", tuitou, prometendo "grandes resultados no futuro".

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