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Putin e Cameron discutem opções para conflito na Síria

"A Grã-Bretanha, a Rússia e os Estados Unidos devem cooperar para criar um governo de transição na Síria", indicou Cameron

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 18h31.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente russo, Vladimir Putin, discutiram nesta sexta-feira medidas conjuntas visando a uma solução para o conflito na Síria, em um contexto de intensas negociações diplomáticas.

A visita de Cameron a Sochi, às margens do Mar Negro, ocorre três dias após Moscou e Washington terem chegado a um acordo em busca de uma resolução política para o conflito, que já dura mais de dois anos e deixou mais de 70.000 mortos, segundo a ONU.

O primeiro-ministro britânico deve se reunir na segunda-feira com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca.

Após a reunião, Putin revelou que havia conversado com Cameron a respeito de "possíveis opções" para uma solução, mas nenhum outro avanço foi anunciado.

"Por iniciativa do primeiro-ministro, conversamos sobre possíveis opções para um desenlace positivo da situação (na Síria) e sobre as medidas concretas neste sentido", disse o chefe de Estado russo em sua residência em Sochi, citado pelas agências russas.

"Temos um interesse comum, que é acabar rapidamente com a violência e lançar um processo de solução pacífica, manter a integridade territorial da Síria como Estado soberano", acrescentou.

Cameron afirmou que, apesar de os pontos de vista de Rússia e Grã-Bretanha sobre a solução do conflito sírio serem diferentes, os dois países têm o mesmo objetivo, que é pôr fim ao conflito e conter o extremismo no país.

O primeiro-ministro britânico saudou a proposta de organizar uma conferência internacional por uma solução política -com base no acordo de Genebra concluído em 30 de junho de 2012 entre as grandes potências- feita por Moscou e Washington na terça.

"A Grã-Bretanha, a Rússia e os Estados Unidos devem cooperar para criar um governo de transição na Síria", indicou Cameron.


O acordo de Genebra não define o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad, e a oposição continua a considerar a sua saída do poder como uma pré-condição para qualquer negociação.

Contudo, o secretário de Estado americano, John Kerry, insistiu na quinta-feira, em visita à Roma, que a saída de Assad é necessária. Ele também considerou que o fornecimento iminente de mísseis terra-ar russos à Síria seria "potencialmente desestabilizador" para a região.

Nesta sexta, Lavrov indicou que Moscou está concluindo o fornecimento de mísseis já acertado com a Síria, mas que não planeja realizar novas vendas de armamentos deste tipo.

"A Rússia vende (mísseis) há muito tempo. Ela assinou contratos e conclui o fornecimento em virtude de contratos assinados. Isso não é proibido por nenhum acordo internacional", declarou em Varsóvia.

"Trata-se de armamento defensivo para que a Síria, que é o país importador, tenha a possibilidade de se defender de ataques aéreos", acrescentou Lavrov.

Já o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, indicou a existência de uma controvérsia a esse respeito e exigiu o fim do fornecimento de armas à Síria.

"Estamos convencidos de que o fornecimento internacional de armas à Síria deve acabar e que devemos fazer tudo para dar chances a uma situação política", declarou Westerwelle após uma reunião com os ministros das Relações Exteriores da Polônia e da Rússia.

Ainda nesta sexta-feira, Kerry declarou que os Estados Unidos acreditam possuir provas concretas da utilização de armas químicas por parte do governo sírio.


Durante uma conversa com internautas organizada pelo Google+, pela rede de televisão NBC News e pelo Departamento de Estado, Kerry acusou as forças governamentais sírias "de terem recorrido ao uso de gás, para o qual acreditamos ter fortes evidências de sua utilização".

Mais cedo, um chefe militar sírio, coronel Abdel Jabbar al-Okaidi, que lidera o Exército Sírio Livre (ESL) em Aleppo, disse à AFP que na quinta teve um encontro com o embaixador americano encarregado da questão síria, Robert Ford, no qual abordaram o fornecimento de armas às tropas rebeldes.

Em um contexto de intensas negociações internacionais visando a uma solução para o conflito sírio, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta sexta uma ação internacional para pôr fim ao derramamento de sangue na Síria, após ter tido acesso a vários testemunhos de massacres cometidos recentemente pelas tropas de Damasco e seus aliados.

Na Síria, muitas pessoas voltaram a protestar em várias cidades como em todas as sextas-feiras, desta vez para denunciar o silêncio internacional diante dos "crimes cometidos pelo regime", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

"O silêncio internacional e as matanças do regime são os maiores perigos para a Síria", estava escrito em uma faixa durante uma das manifestações, na cidade de Hama.

No terreno, o Exército sírio lançou panfletos sobre Qousseir, uma cidade estratégica localizada na província de Homs, pedindo para que os habitantes deixem a cidade rebelde antes de um ataque iminente, indicou à AFP uma fonte militar que pediu para não ser identificada.

Os rebeldes na Síria postaram na internet mais um vídeo que mostra quatro capacetes azuis filipinos capturados terça-feira. As Filipinas declararam nesta sexta-feira que desejam a retirada de seus cidadãos da força de observação da Otan nas Colinas de Golã o quanto antes.

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