Mundo

Putin é acusado de táticas soviéticas na elaboração de livro

Presidente teria pedido por um novo livro de história que reconcilie diferenças sobre o passado da Rússia


	Vladimir Putin: ex-espião soviético pediu aos historiadores em fevereiro que propusessem diretrizes para novos livros escolares de história
 (Getty Images)

Vladimir Putin: ex-espião soviético pediu aos historiadores em fevereiro que propusessem diretrizes para novos livros escolares de história (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 18h28.

Moscou - Um pedido do presidente Vladimir Putin por um novo livro que reconcilie diferenças sobre o passado da Rússia deixou-o frente a acusações de copiar os líderes soviéticos ao reescrever a história para fins políticos.

O ex-espião soviético pediu aos historiadores em fevereiro que propusessem diretrizes para novos livros escolares de história que fornecessem uma versão unificada dos muitos eventos difíceis na história russa e soviética.

Sempre será uma tarefa árdua em um país onde líderes comunistas como Josef Stálin apagavam inimigos de fotografias e viam a história como uma arma política. Mas não é a interpretação de eventos como as repressões em massa e os julgamentos-espetáculo na era soviética que está provocando barulho.

As diretrizes, esboçadas por historiadores escolhidos por Putin, não contêm críticas ao presidente, nenhuma referência aos protestos contra ele em 2011 e 2012 e nenhuma menção do ex-magnata aprisionado e inimigo do Kremlin, Mikhail Khodorkovsky.

"Foi uma ordem política simples - justificar as autoridades governantes, explicar que elas estão fazendo tudo certo", disse Vladimir Ryzhkov, historiador e ex-parlamentar da oposição.

Os críticos apresentam o plano como um projeto de vaidade para aumentar o crédito político de Putin depois dos protestos, que prejudicaram seus índices enquanto ele se prepara para um terceiro mandato presidencial. Alguns veem similaridades desconfortáveis com o passado soviético.

"A bênção de Putin a qualquer projeto nacional no ensino médio irá marcar uma nova versão da velha prática imperial soviética", disse o historiador Mark Von Hagen, um especialista em Rússia da Arizona State University nos Estados Unidos.

"Temo que qualquer história aprovada por Putin e redigida por seu séquito de historiadores afirme o antigo... juízo de que a Rússia precisa de governantes autocratas fortes e de uma fé, a ortodoxia, uma cultura ‘multinacional' que seja fala e escrita em russo".

O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que o Kremlin estava agora observando as diretrizes e negou as acusações de que eram uma tentativa de interpretar o passado para se adequar à atual agenda política.

"Não se pode reescrever a história", afirmou Peskov.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDitaduraEuropaPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Os países com as maiores reservas de urânio do mundo

Os países com as maiores reservas de nióbio no mundo

Os 9 países com os maiores arsenais nucleares do mundo

Trump é questionado por nomear advogado pessoal para cargo no governo