Agência de notícias
Publicado em 5 de setembro de 2025 às 13h12.
Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 14h09.
O líder russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira que qualquer força ocidental enviada à Ucrânia será considerada um alvo legítimo para ataques militares. A declaração ocorre um dia após o anúncio do presidente da França, Emmanuel Macron, de que 26 países europeus chegaram a um acordo para oferecer garantias de segurança a Kiev — uma proposta que ainda não foi detalhada, mas que Moscou rejeita por completo.
"Se tropas aparecerem lá, em particular agora, durante os combates, partimos da premissa de que serão alvos legítimos", declarou Putin durante um fórum econômico em Vladivostok, no leste russo, acrescentando que a intensificação do vínculo militar entre Ucrânia e o Ocidente é uma das causas fundamentais do conflito, e que uma mobilização não contribui para a paz a longo prazo.
Líderes europeus se reuniram com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira em Paris, para um encontro de cúpula da chamada "Coalizão dos Voluntários" — uma iniciativa criada pelos europeus para assumir um papel de protagonismo na questão ucraniana. O encontro terminou com o anúncio de que um acordo sobre a segurança ucraniana havia sido atingido, e que seria posto em prática assim que um acordo de paz ou cessar-fogo fosse obtido.
Anfitrião do encontro, Macron afirmou que a grande maioria dos aliados concordou em mobilizar tropas ou "estar presentes por terra, mar ou ar" para fornecer essa segurança ao território ucraniano. O presidente francês acrescentou ainda que o objetivo não era "fazer guerra contra a Rússia", mas sim dissuadir Moscou de voltar a atacar a Ucrânia no futuro.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou a aprovação das garantias, o que tem apontado como uma exigência básica para qualquer negociação. Na quinta-feira, Zelensky disse que "pela primeira vez em muito tempo" os aliados haviam dado "o primeiro passo sério e concreto".
Antes mesmo do anúncio, o lado russo já havia rejeitado qualquer hipótese de que tropas europeias se concentrassem na fronteira — quando Putin ordenou a invasão da Ucrânia em 2022, uma das razões alegadas era de que o país estaria em via de entrar para a Otan, o que era considerado um risco. Em uma declaração na quinta, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que as garantias de segurança configurariam "garantias de perigo para o continente europeu".
Putin argumenta que a presença de tropas ocidentais na Ucrânia é desnecessária em caso de um acordo de paz — que ainda não tem termos mínimos encaminhados, uma vez que Moscou exige a redução do arsenal e das Forças Armadas ucranianas, uma posição de neutralidade e garantias de que não integrará a Otan. O líder russo afirmou que Moscou "cumpre seus compromissos".
"Se forem tomadas decisões que levem à paz, a uma paz a longo prazo, então simplesmente não vejo sentido em sua presença no território da Ucrânia", declarou.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais afirmam que a Rússia tem um longo histórico de acordos não cumpridos, começando pelo Memorando de Budapeste de 1994, com o qual Kiev entregou as armas nucleares soviéticas em seu território em troca de que a Rússia e outros signatários, como os Estados Unidos e o Reino Unido, respeitassem a sua independência e integridade territorial. Também acusam Putin de discursar enquanto ganha tempo para que suas tropas conquistem mais territórios.