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Trump e Putin dizem ter avançado em conversas, mas não anunciam medidas em encontro no Alasca

Presidentes fizeram uma reunião de cúpula nesta sexta-feira, 15 de agosto, para discutir a guerra na Ucrânia

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 20h11.

Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 20h46.

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Após uma reunião de quase três horas nesta sexta-feira, 15, no Alasca, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente americano Donald Trump disseram terem feitos avanços nas negociações, mas não revelaram quais. Eles saíram de uma entrevista coletiva sem responder perguntas.

Os dois apenas fizeram discursos breves. Putin falou primeiro. Disse que 'ainda não há acordo fechado' quanto à guerra na Ucrânia e voltou a falar que as "causas-raízes" do conflito, precisam ser resolvidas. No entanto, afirmou que está interessado em um acordo de paz.

O líder russo sugeriu que a Ucrânia era apenas uma das várias questões discutidas, apontando para o potencial para maior cooperação comercial e empresarial, bem como para a cooperação no Ártico e na exploração espacial. Putin disse que era importante que os países "virassem a página".

Trump seguiu linha parecida. "Tivemos uma reunião muito produtiva. Concordamos em muitos, muitos pontos, a maioria deles. Eu diria que há alguns pontos importantes que ainda não alcançamos, mas já fizemos alguns progressos", disse.

Em seguida, o presidente americano afirmou que vai entrar em contato com o presidente ucraniano Volodymyr Zelesnky e os aliados da Otan, aliança militar do Ocidente, para detalhar as negociações com o governo russo. Trump disse que os dois terão uma nova conversa em breve. Putin o interrompeu e o convidou para ir a Moscou.

Os dois presidentes não deram detalhes sobre quais foram os temas debatidos, nem mencionaram o que seria um primeiro passo para o fim da guerra: um cessar-fogo temporário. Trump disse, ao chegar para o encontro, que desejava obter uma pausa no conflito.

Reunião encerrada antes

A reunião aparentemente foi encerrada antes do previsto. O Kremlin havia dito que as negociações entre os dois presidentes poderão levar de 6 a 7 horas. A Casa Branca não deu estimativas, mas Trump tinha a partida do Alasca prevista para 17h45 na hora local (23h45 em Brasília). 

Os dois presidentes se reuniram na base militar de Elmendorf-Richardson, perto de Anchorage, no Alasca. Eles chegaram em seus aviões presidenciais e se encontraram primeiro em um tapete vermelho montado perto da pista. Trump e Putin trocaram cumprimentos e posaram para fotos.

Enquanto eles caminhavam ao ar livre, um bombardeiro B-2, cercado por quatro caças, sobrevoou os dois líderes. O B-2 é um dos modelos mais avançados da Força Aérea Americana. Ele consegue voar sem ser identificado por radares e foi usado nos bombardeios feitos contra instalações nucleares do Irã, em junho.

Próximos passos

Mais cedo, no caminho para o encontro, Trump disse que, para alcançar um acordo final sobre a guerra, será necessário um encontro de cúpula a três partes, com Zelensky, e dividir o território.

Antes de viajar para o Alasca, Trump conversou por telefone com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado próximo de Putin que permitiu ao Exército russo usar seu território para atacar a Ucrânia.

Quais as demandas de Rússia e Ucrânia?

A Guerra da Ucrânia começou em 2022, quando forças russas invadiram o país vizinho, sob alegação de que a Ucrânia representaria uma ameaça por buscar se aproximar da Otan, a aliança militar do Ocidente.

Em seguida, os Estados Unidos e a Europa enviaram bilhões de dólares em dinheiro, suprimentos e armas de última geração para a Ucrânia, que conseguiu conter parte do avanço russo e afastá-los da capital Kiev. No entanto, a Rússia conseguiu dominar outras áreas, no leste e no sul da Ucrânia, e a guerra entrou um cenário de avanços lentos dos dois lados, apesar de centenas de milhares de mortes registrados.

A Ucrânia teme que um acordo de paz agora possa dar tempo para que a Rússia se rearme e volte a atacar daqui a algum tempo, e busca formas de garantir que isso não aconteça. Além disso, quer recuperar territórios tomados à força pelos russos.

Do outro lado, a Rússia quer garantias de que a Ucrânia não se una à Otan), que não haja tropas de potências ocidentais perto de seu território e quer manter sob seu controle áreas que conquistou durante o conflito.

A Rússia exige ainda que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.

Para Kiev, as exigências são inaceitáveis. Durante três rodadas de negociações, a última delas em Istambul, em julho, russos e ucranianos só conseguiram concordar sobre a troca de prisioneiros de guerra.

Com AFP.

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