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Putin deixará G20 mais cedo, pressionado por críticas

O mandatário participará das reuniões da cúpula, mas não estará presente no almoço oficial de encerramento da reunião

Presidente russo Vladimir Putin chega à cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália (Afp.com / ALAIN JOCARD)

Presidente russo Vladimir Putin chega à cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália (Afp.com / ALAIN JOCARD)

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Da Redação

Publicado em 15 de novembro de 2014 às 16h27.

O presidente russo, Vladimir Putin, deixará antes do previsto a cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália, após ser alvo de críticas do Ocidente por seu papel na crise ucraniana.

"Seu programa para o segundo dia [de domingo] mudou e foi encurtado", disse à AFP um delegado russo que preferiu não se identificar, descartando que a saída precoce seja por causa da pressão das potências ocidentais. "Não houve escândalos", garantiu a mesma fonte.

O mandatário participará das reuniões da cúpula, mas não estará presente no almoço oficial de encerramento da reunião. Ele falará com a imprensa antes de partir. O delegado russo diminuiu a importância da ausência, alegando que o almoço "é um entretenimento".

"Putin só irá quando todo o trabalho tiver sido concluído", assegurou o porta-voz de Putin, Dimitri Peskov, a uma rádio russa.

A Ucrânia continua testando a habilidade do G20 para fazer com que seu peso econômico seja traduzido em eficiência na hora de resolver as crescentes diferenças diplomáticas impostas como um novo muro entre a Rússia e o Ocidente, lembrando os tempos de Guerra Fria.

Desde sexta-feira, véspera do início da cúpula, os países anglo-saxões multiplicaram suas críticas contra a Rússia e seu papel na crise ucraniana. "Ameaça para o mundo", "em busca da glória perdida do czarismo", "agressor de países menores": Estados Unidos, Austrália e Reino Unido não economizaram nas acusações.

A imprensa canadense informou que o primeiro-ministro Stefan Harper citou a questão ucraniana a Putin no momento do cumprimento. "Bem, imagino que tenha que apertar a sua mão, mas só tenho uma coisa a dizer: tem que sair da Ucrânia", teria afirmado, ao que o presidente russo não teria respondido de maneira positiva.

A Otan confirmou nesta semana as afirmações de Kiev, que acusou a Rússia de ter deslocado tropas e armamentos para o leste da Ucrânia, o que Moscou nega.

Desde o início do conflito, em abril, mais de 4.000 pessoas, na maioria civis, morreram no combate entre as tropas de Kiev e os rebeldes pró-russos.

-"Sentimentos beligerantes"-

A decisão de Putin de abreviar sua presença na cúpula não suscitou reações imediatas das delegações.

Antes do anúncio, Putin já havia se reunido com vários membros do grupo, como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, François Hollande.

Com o primeiro, houve um aperto de mãos diante da imprensa, mas sem que se falassem publicamente. Eles participaram de uma reunião a portas fechadas, o que seria um sinal da grande tensão existente entre Londres e Moscou.

Um porta-voz do Kremlin declarou que os dois dirigentes manifestaram "o interesse em restaurar os laços (entre a Rússia e o Ocidente) e em adotar medidas eficientes para solucionar a crise ucraniana, que facilitem uma renúncia aos sentimentos beligerantes".

A imprensa britânica citou uma fonte próxima a Downing Street, afirmando que Cameron foi "claro" ao afirmar a necessidade de respeitar os acordos de Minsk de 5 de setembro, que preveem o cessar-fogo das partes em conflito.

Na última sexta-feira, o Reino Unido ameaçou a Rússia com novas sanções internacionais.

Já na reunião com François Hollande, os mandatários conversaram na frente das câmeras, em meio à questão pendente (e evitada durante o encontro, segundo uma fonte francesa) sobre a entrega dos navios de guerra da França à Moscou.

"É preciso fazer o possível para minimizar os riscos e as consequências negativas para as nossas relações bilaterais", declarou Putin.

-Ebola, clima e reativação econômica-

As questões diplomáticas ofuscaram outros fatos importantes do primeiro dia de cúpula em Brisbane, em que também se falou de reativação econômica, meio ambiente e Ebola.

O grupo das 20 nações mais ricas do planeta se comprometeu neste sábado a fazer o possível para erradicar a epidemia de Ebola -sem, no entanto, apresentar qualquer proposta concreta a respeito de fundos que possam tornar o compromisso possível- e prometeram trabalhar juntos para recuperar o crescimento econômico perdido após crise financeira global de 2008.

Embora o clima não tenha recebido destaque na agenda do anfitrião australiano, Barack Obama conseguiu levar o tema para o centro dos debates. Desse modo, o enfrentamento às mudanças climáticas deve ter um peso importante no comunicado final da cúpula, de acordo com várias fontes próximas às delegações.

"Se a China e os Estados Unidos chegaram a um acordo sobre o tema, então o mundo inteiro pode fazer o mesmo", disse Obama na universidade de Brisbane.

O presidente americano também insistiu na importância de estimular a atividade econômica: "Não podemos esperar que os Estados Unidos carregue nas costas o peso da economia mundial", ressaltou.

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