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Putin defende nova 'ordem mundial multipolar' na reunião dos Brics

Lider russo discursou na abertura da reunião do bloco que acontece esta semana na cidade de Kazan

Vladimir Putin durante a cerimônia de boas-vindas aos participantes da reunião de cúpula dos Brics em Kazan, em 22 de outubro de 2024 (AFP)

Vladimir Putin durante a cerimônia de boas-vindas aos participantes da reunião de cúpula dos Brics em Kazan, em 22 de outubro de 2024 (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 08h25.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 08h28.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu nesta quarta-feira, 23, uma nova "ordem mundial multipolar" na abertura da reunião de cúpula dos Brics, um grupo de países emergentes que deseja virar uma alternativa às organizações ocidentais.

O evento é a reunião diplomática mais importante na Rússia desde que Putin ordenou a entrada de tropas na Ucrânia em março de 2022, o que desatou sanções ocidentais e a condenação internacional.

Quase 20 chefes de Estado ou de Governo, incluindo os da China, Índia, Turquia e Irã, se reúnem na cidade de Kazan, centro da Rússia, para abordar questões como o desenvolvimento de um sistema de pagamento internacional liderado pelos Brics ou o conflito no Oriente Médio.

A Rússia considera os Brics uma alternativa às organizações lideradas pelas potências ocidentais, como o G7, uma posição respaldada pelo presidente chinês Xi Jinping, aliado crucial de Moscou.

"O processo de formação de uma ordem mundial multipolar está em curso, é um processo dinâmico e irreversível", disse Putin na cerimônia de abertura oficial do encontro de cúpula.

A organização dos Brics está "fortalecendo sua autoridade nas questões internacionais", completou, antes de pedir aos países membros que considerem como podem abordar os problemas mais prementes da agenda global, incluindo os "conflitos regionais graves".

O grupo dos Brics foi criado em 2009 com quatro integrantes (Brasil, Rússia, China e Índia) e em 2010 a África do Sul foi adicionada. Em 2024, quatro países entraram para o bloco (Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos).

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chegou à Rússia nesta quarta-feira para participar na reunião, em sua primeira visita ao país em mais de dois anos, muito criticada pela Ucrânia.

Nas conversações bilaterais na terça-feira com Xi e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, Putin elogiou as "associações estratégicas" da Rússia com os parceiros.
Xi destacou os laços "profundos" da China com a Rússia, no que chamou de mundo "caótico".

As relações Rússia-China "injetaram um forte impulso ao desenvolvimento, revitalização e modernização dos dois países", declarou Xi.

Ucrânia

A cidade de Kazan está sob rígidas medidas de segurança. A região próxima do Tartaristão, a quase mil quilômetros da fronteira com a Ucrânia, já foi alvo de vários ataques de drones lançados por Kiev.

Putin também deve se reunir nesta quarta-feira com os presidentes do Irã, Masud Pezeshkian, da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

A Turquia, membro da Otan, aspira ser um possível mediador entre a Rússia e a Ucrânia e atua para ter boas relações com Moscou.

Guterres deve abordar o conflito da Ucrânia com Putin em um encontro na quinta-feira, informou o Kremlin.

O governo de Kiev criticou a visita. "O secretário-geral da ONU rejeitou o convite da Ucrânia para a primeira reunião mundial pela paz na Suíça. Porém, aceitou o convite do criminoso de guerra Putin para visitar Kazan", afirmou o Ministério das Relações Exteriores na rede social X.

O porta-voz de Guterres destacou que a viagem é parte da sua participação regular em "organizações com um grande número de Estados-membros importantes" e que permitirá "reafirmar suas posições bem conhecidas" sobre o conflito na Ucrânia "e as condições para uma paz justa"

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