Agência de notícias
Publicado em 18 de junho de 2024 às 09h43.
Última atualização em 18 de junho de 2024 às 09h44.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que viajará para a Coreia do Norte nesta terça-feira, 18, para uma visita de Estado "amistosa", afirmou que Pyongyang "apoia firmemente" sua campanha militar na Ucrânia, segundo um artigo de opinião publicado pela agência de notícias oficial KCNA.
A visita de Putin ocorre em um momento em que o Ocidente acusa a Coreia do Norte de fornecer armas a Moscou em sua ofensiva na Ucrânia.
"Apreciamos muito que a RPDC (Coreia do Norte) apoie firmemente a operação militar especial da Rússia na Ucrânia", escreveu Putin no artigo, pouco antes de sua visita a Pyonagyang.
O assessor diplomático de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, apresentou a viagem como um evento importante para ambos os países, atingidos por sanções ocidentais.
Ushakov mencionou a "possível" assinatura de "um acordo de cooperação estratégica global", que seria uma versão atualizada de um tratado assinado durante a última visita de Putin ao país, em 2000.
Putin também declarou no artigo que seu país apoiará Pyonagyang no futuro.
"A Rússia apoiou (a Coreia do Norte) e seu heróico povo em sua luta para defender seu direito de escolher por si mesmos o caminho da independência, a originalidade e o desenvolvimento no enfrentamento ao astuto, perigoso e agressivo inimigo [...] e o apoiará constantemente no futuro", publicou.
O recluso país asiático com armas nucleares mantém um estado de confronto com seu vizinho Coreia do Sul, assim como com os Estados Unidos.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que a visita de Putin mostra o quanto a Rússia necessita do apoio de líderes autoritários para realizar sua ofensiva na Ucrânia.
"Isso mostra o quanto o presidente Putin, e Moscou, estão agora dependentes de países autoritários ao redor do mundo", afirmou Stoltenberg à imprensa em Washington.
O chanceler ucraniano Dmytro Kuleba aludiu a um "romance solitário entre Putin e Kim".
"A melhor forma de responder a isso é continuar fortalecendo a coalizão diplomática para uma paz justa e duradoura na Ucrânia e fornecer mais [...] munições para a Ucrânia", disse Kuleba à AFP.
Os países do Ocidente vêm há meses acusando os norte-coreanos de entregar munições à Rússia para sua ofensiva contra Ucrânia, em troca de assistência tecnológica, diplomática e alimentar.
A Casa Branca afirmou que os Estados Unidos estão "preocupados" pela aproximação entre Rússia e Coreia do Norte.
"Não nos preocupa a viagem. O que nos preocupa é o aprofundamento da relação entre esses dois países", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.
Segundo Moscou, Putin chegará na terça-feira à noite em Pyongyang, onde assistirá a um concerto em sua homenagem.
O líder russo estará acompanhado do chanceler Sergei Lavrov, do ministro da Defesa, Andrei Belousov; de dois vice-primeiros-ministros e do diretor da agência espacial russa, Roscosmos.
Putin, que é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), reduziu suas viagens ao exterior, mas realizou algumas visitas para encontrar aliados-chave, como a China.
Após viajar à Coreia do Norte, o presidente russo visitará o Vietnã nos dias 19 e 20 de junho.
A visita ocorrerá nove meses depois de Putin receber Kim no Extremo Oriente russo, onde ambos os líderes trocaram muitos elogios, mas não fecharam - pelo menos oficialmente - nenhum acordo.
Em março, a Rússia utilizou seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para encerrar o sistema de monitoramento das sanções impostas à Coreia do Norte, que foram instauradas principalmente por causa do programa nuclear de Pyongyang.
Na quarta-feira, Kim Jong Un enalteceu os laços "inquebrantáveis, de irmãos de armas" entre Pyongyang e Moscou, que datam da época soviética.
Kim já havia afirmado em setembro de 2023, durante uma viagem à Rússia, que os vínculos com Moscou são a "prioridade número um" de seu país.
Alguns analistas também alertaram que os testes e a produção de mísseis de artilharia e cruzeiro por parte da Coreia do Norte se intensificaram, e que esses mísseis poderiam acabar sendo fornecidos à Rússia para serem usados em sua ofensiva na Ucrânia.