Repórter
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 15h03.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta quarta-feira, 5, que o país poderia retomar seus testes nucleares caso os Estados Unidos decidam seguir o mesmo caminho.
A fala do líder russo é uma resposta ao presidente americano, Donald Trump, que havia solicitado ao Pentágono que "começasse a testar" as armas nucleares dos EUA.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança, Putin orientou as autoridades competentes a coletarem mais informações sobre o assunto e a prepararem propostas para o possível início dos testes nucleares, segundo declarações transmitidas pela televisão.
Putin classificou como uma "questão grave" os comentários de Trump, que afirmou que os Estados Unidos realizariam os testes devido às ações de outros países, sem esclarecer se era uma referência a explosões nucleares, uma prática suspensa nos EUA desde 1992.
"Devido aos programas de testes de outros países, instruí o Departamento de Guerra a iniciar os testes de nossas armas nucleares em igualdade de condições", escreveu Trump em sua rede social Truth Social na semana passada.
Na publicação, o presidente americano também ressaltou que os Estados Unidos possuem o maior arsenal nuclear do mundo, enquanto a Rússia ocupa o segundo lugar e a China está muito atrás, mas poderia alcançar uma posição equivalente em cinco anos.
O último teste nuclear realizado pela Rússia ocorreu em 1990, pouco antes da dissolução da União Soviética. No entanto, o país continua realizando testes regulares com sistemas de lançamento que não transportam carga nuclear, como foi o caso do drone submarino Poseidon e do míssil Burevestnik, entre outros.
Putin destacou que a Rússia sempre cumpriu rigorosamente suas obrigações no âmbito do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, mas avisou que, caso os Estados Unidos ou outros signatários do tratado realizem novos testes, a Rússia será forçada a tomar medidas adequadas como resposta.
O ministro da Defesa da Rússia, Andrei Belousov, sugeriu que fosse iniciada imediatamente a preparação para testes nucleares em larga escala, mencionando o arquipélago de Nova Zembla, no Ártico, como possível local para as provas.
De acordo com Belousov, os planos dos EUA aumentam significativamente o nível de ameaça militar para a Rússia.
Apesar das tensões, os Estados Unidos e a Rússia continuam vinculados pelo tratado Novo START, que limita o número de ogivas nucleares estratégicas a 1.550 para cada lado e prevê um mecanismo de verificação, embora este tenha sido suspenso há dois anos. O tratado expira em fevereiro do próximo ano, e Moscou propôs uma extensão de um ano, mas sem garantir o retorno das inspeções dos arsenais nucleares.
(Com informações da agência AFP)