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Putin concede cidadania russa a Depardieu

Medida de Putin ocorre em meio a disputa entre o ator e o governo francês sobre aumento de impostos para cidadãos ricos


	"Eu não vou reclamar, mas não aceito ser chamado de 'patético'", afirmou Gérard Depardieu, referindo-se a comentários do primeiro-ministro francês
 (Osman Karimov/AFP)

"Eu não vou reclamar, mas não aceito ser chamado de 'patético'", afirmou Gérard Depardieu, referindo-se a comentários do primeiro-ministro francês (Osman Karimov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2013 às 18h54.

Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu cidadania russa ao ator francês Gérard Depardieu, envolvido em uma disputa sobre impostos com o governo francês, informou o Kremlin nesta quinta-feira.

Um comunicado publicado no site do governo afirmou que Putin assinou um decreto em resposta a "um pedido de cidadania da Federação Russa" em nome de "Depardieu Gérard Xavier, nascido na França em 1948". Depardieu mantém uma disputa com o governo francês por causa das tentativas do presidente François Hollande de aumentar os impostos para os cidadãos que ganham mais de € 1 milhão por ano. O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse que Depardieu é "patético".

Em 29 de dezembro, a Suprema Corte da França derrubou o aumento de impostos para quem ganha acima de € 1 milhão, mas Depardieu disse então que a decisão não "mudava nada" o que pode indicar que o ator deseja realmente deixar a França. Depardieu atuou em mais de 150 filmes e foi nomeado para um Oscar, por seu papel em Cyrano de Bergerac, no filme de 1990 de mesmo nome.

O ator de 64 anos, segundo o jornal Le Monde, é popular na Rússia. Depardieu já fez comerciais de uma marca de ketchup e do cartão de crédito do banco Sovietsky para a televisão russa e além disso visitou a Chechênia, onde discursou a favor do presidente regional, Ramzan Kadyrov, o qual possui um histórico duvidoso no respeito aos direitos humanos. "Glória à Chechênia, glória a Kadyrov", disse um Depardieu exaltado durante um discurso em Grozny no ano passado, para deleite de Kadyrov.

Depardieu respondeu ontem mesmo a Ayrault, em carta aberta. "Eu nunca matei ninguém, não penso que fui um sujeito sem valor, eu paguei 145 milhões de euros em impostos durante 45 anos", afirmou. "Eu não vou reclamar, mas não aceito ser chamado de 'patético'", afirmou.


Depardieu disse que entregará ao governo francês seu passaporte e também sua carteira de seguridade social. Em outubro, o prefeito de uma pequena cidade belga anunciou que Depardieu comprou uma casa perto da fronteira francesa e pretendia residir na Bélgica. Nesta quinta-feira, o governo belga disse que se Depardieu pedir a cidadania belga, poderão existir dificuldades para a aprovação, uma vez que o ator francês já obteve a russa.

"Você precisa entender que Depardieu é um astro na Rússia", disse Vladimir Fedorovski, escritor russo que vive em Paris, à rádio Europe 1. "Além disso, ele é um símbolo da França. Ele é um enorme embaixador da cultura francesa".

Já o representante do presidente russo, Dmitry Peskov, disse que o ator fez o requerimento, que foi aprovado com base na sua "influência no âmbito cultural" e seus "papéis significativos em filmes sobre a história russa e personagens históricos". Em 2011, Depardieu interpretou Grigori Rasputin em um filme francês para a televisão sobre a vida do controverso e influente místico russo.

Em dezembro, Putin ofereceu publicamente a Depardieu, a quem chamou de "amigo", a cidadania russa, caso Depardieu fizesse um requerimento. A oferta foi feita após uma notícia do Le Monde ter informado que o ator havia dito a amigos que estava considerando a possibilidade de se mudar para a Bélgica ou a Rússia para fugir do novo regime fiscal da França.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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