CRIMEIA: Rússia anualmente organiza eventos para marcar anexação da península / REUTERS/Alexey Pavlishak
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2019 às 07h02.
Última atualização em 18 de março de 2019 às 07h47.
No dia 18 de março de 2014, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou a reintegração da península da Crimeia ao território russo, violando as normas do Direito Internacional, em decisão condenada pelas Nações Unidas (ONU). Mesmo sob críticas de todas as lideranças ocidentais, e enfrentando sanções econômicas, o presidente russo manteve sua posição, marcando a volta do país ao centro do jogo geopolítico depois do fim da União Soviética. Cinco anos depois, a região continua num limbo político.
Em 2014, uma mudança de poder na Ucrânia, que potencialmente afastaria o país dos interesses de Moscou, motivou a Rússia a se infiltrar militarmente na região para garantir sua influência. Em um referendo, mais de 95% dos eleitores da Crimeia votaram pela reintegração com a Rússia, mas líderes ocidentais questionaram a validade do pleito. Na época, o Ocidente impôs duras sanções aos russos, que, junto com uma queda no preço do petróleo, derrubou o Produto Interno Bruto (PIB) do país em mais de 50% entre 2014 e 2015.
Desde a anexação, Moscou celebra o acontecimento todos os anos com eventos políticos na península. Ano passado, uma ponte foi inaugurada no estreito de Kerch, ligando a Crimeia à Rússia. Este ano, além da criação de moedas comemorativas, Putin deve aparecer na cidade de Sebastopol, uma das principais da região, para inaugurar duas usinas termelétricas, o que deve tornar a área independente energeticamente da Ucrânia.
Contudo, dias antes do aniversário de anexação, na última sexta-feira, 15, Estados Unidos, União Europeia e Canadá anunciaram novas sanções contra a Rússia, mostrando que também não se esqueceram da data. As sanções são pela apreensão de três navios e da prisão de militares da Ucrânia no Estreito de Kerch em novembro do ano passado.
Em nota, o Departamento de Estado norte-americano diz que as sanções afetam seis empresas do setor de defesa russo, dois indivíduos envolvidos nas eleições falsas de novembro na Ucrânia e duas companhias que operam na Crimeia.
Na prática, a Europa ainda depende da Rússia em nível comercial. Em 2018, 37% do gás natural utilizado pelo continente veio do país de Putin. No último dia 12, o Parlamento Europeu voltou a ameaçar vetar o projeto do gasoduto Nord Stream 2, que duplicaria a quantidade de gás natural enviada da Rússia para a Alemanha, o país mais rico do continente.
Com as grandes nações europeias envolvidas com temas internos como Brexit, crise política na França e sucessão de Angela Merkel na Alemanha, falta uma liderança forte para bater de frente com Putin. Apesar do protesto, sua liderança no leste europeu só cresceu nestes últimos cinco anos.