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Putin busca apoio dos jovens para tentar se reeleger em 2018

Embora tenha garantido o apoio de professores, profissionais da saúde, servidores e militares, o partido do Kremlin não conquistou identificação dos jovens

Vladimir Putin: a imagem de milhares de jovens protestando contra Putin preocupa o Kremlin (Alexander Zemlianichenko/Pool/Reuters)

Vladimir Putin: a imagem de milhares de jovens protestando contra Putin preocupa o Kremlin (Alexander Zemlianichenko/Pool/Reuters)

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EFE

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 10h31.

Sochi - Jovens sim, mas patriotas, crentes e, certamente, eleitores, são o novo alvo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que precisa do apoio das novas gerações para conseguir permanecer no poder até 2024.

"Pela paz, solidariedade e justiça social, lutamos contra o imperialismo honrando o nosso passado, construímos o futuro", foi o lema do XIX Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, realizado na cidade de Sochi.

Às vésperas do início da campanha eleitoral, Putin inaugurou na semana passada o festival, uma perfeita máquina de doutrinação para afastar os jovens das más influências opositoras.

O evento contou com uma grande popularidade entre os países comunistas no século passado, e agora o Kremlin tentou utilizá-lo de novo como plataforma para construir pontes com estudantes descontentes.

A imagem de milhares de jovens, inclusive menores de idade, protestando nos últimos meses contra Putin em manifestações em todo o país tem preocupado muito o Kremlin.

O líder da oposição extraparlamentar, Alexei Navalni, conseguiu cativar jovens de zonas urbanas não só em Moscou, mas nas demais cidades deste vasto país, como se pôde ver nos comícios eleitorais, inclusive na Sibéria.

Putin tem garantido o apoio da população que depende do Estado - professores, profissionais da saúde, servidores e militares -, mas os jovens não se sentem identificados com o partido do Kremlin.

Na Rússia há mais de 31 milhões de jovens, dos quais 83% têm direito a voto, ainda que sejam poucos os que costumam ir às urnas. E o contrário ocorre com os quase 40 milhões de aposentados, muito mais ativos na hora de votar.

Um a cada cinco russos são jovens, por isso Putin não pode se dar ao luxo de tentar se reeleger em março do ano que vem dando as costas aos cidadãos que assumirão as rédeas do país quando ele deixar o Kremlin, possivelmente, em 2024.

Não será nada fácil, já que os jovens russos não assistem à TV estatal, principal instrumento de propaganda governista na Rússia, mas se informam através da internet, o último reduto da imprensa independente no país.

Além disso, viajam mais ao exterior e aprendem idiomas, o que os permite comparar o discurso oficial do Kremlin com o que se diz no Ocidente.

Apesar de Che Guevara ser um dos símbolos do festival e haver a presença das juventudes comunistas (Komsomol), os jovens russos não acreditam piamente que os Estados Unidos sejam origem de todos os problemas.

Segundo as pesquisas, também as novas gerações são muito mais tolerantes quanto à imigração estrangeira e às minorias sexuais do que os demais russos, especialmente o setor mais conservador e leal a Putin.

Em uma tentativa de atrair as novas gerações, o Kremlin lançou um programa de rejuvenescimento de quadros que já levou aos cortes de dezenas de governadores e funcionários do alto escalão nos últimos meses.

Os novos meninos de ouro da política russa estão na faixa dos 40 anos e, em nenhum caso, devem passar dos 50, informou recentemente a imprensa russa, citando fontes da administração presidencial.

Frente à velha guarda nascida, como Putin, nos anos 50 ou inclusive antes, os novos políticos nasceram no final da década de 70 ou até mesmo de 80, nos últimos anos da União Soviética.

A imprensa também informou outras medidas coercitivas adotadas por autoridades e professores, que incluem sessões de doutrinação para impedir que os jovens compareçam às manifestações opositoras.

As ameaças de expulsão da universidade e as ligações aos pais conseguiram afugentar alguns jovens, mas para outros não fez mais que convencê-los da necessidade de protestar ativamente contra o Kremlin.

Em um dos casos mais famosos, uma professora ameaçou denunciar um adolescente para o Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB) por ser partidário de Navalni.

Timur Valiulin, policial responsável pela luta contra o extremismo, inclusive propôs punir pais e professores dos menores de idade que participam de protestos opositores não autorizados.

Navalni está inelegível para se candidatar por ter antecedentes penais, mas conta com várias centenas de milhares de voluntários, a maioria jovens, atraídos por sua campanha contra a corrupção nas altas esferas da administração pública.

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