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Putin assina decreto para incorporar 180 mil militares às Forças Armadas

Decisão é a terceira expansão de contingente desde o início da guerra, e ocorre em meio a ofensiva no leste ucraniano e retórica elevada entre o Kremlin e a Otan

Vladimir Putin, presidente da Rússia (NATALIA KOLESNIKOVA/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 16 de setembro de 2024 às 17h29.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto para incorporar mais 180 mil militares às Forças Armadas do país, uma ação que aumentará o número de tropas aptas ao combate para 1,5 milhão de homens. A decisão foi a terceira do tipo desde o início da invasão da Ucrânia, há quase três anos, e ocorre em um momento de retórica elevada nos círculos mais elevados do Kremlin.

Pelo decreto, o quadro das Forças Armadas passará, em dezembro, para 2.389.130 pessoas, incluindo 1,5 milhão de militares com capacidade comprovada para ações em campo de batalha. O texto não sinaliza se essa expansão ocorrerá através das habituais campanhas de recrutamento voluntário ou se ocorrerá uma nova rodada de mobilizações, algo que o governo Putin tem negado que pretenda fazer em um futuro próximo.

A decisão ocorre em um momento complexo da guerra na Ucrânia. As forças russas conseguiram avanços importantes nas últimas semanas em Donetsk (leste), e estão perto de conquistar a estratégica cidade de Pokrovsk, um centro logístico que hoje é crucial para as linhas de defesa ucranianas na região. A cidade está sob intenso ataque russo, e a população foi orientada a ir para locais mais seguros o quanto antes — para os que ficaram, o fornecimento de gás, água e luz é intermitente, e ruas outrora usadas para deslocamentos estão bloqueadas por trincheiras.

Por outro lado, a Ucrânia, em uma tentativa de atrapalhar a ofensiva inimiga, avançou em direção à região russa de Kursk, no começo do mês passado, onde ocupa cerca de mil km² e trava intensos combates com as tropas da Rússia — contudo, ao contrário do que previa a liderança em Kiev, os russos não redirecionaram suas forças em Donetsk, e usaram recrutas e paramilitares para conter e tentar expulsar os ucranianos.

O aumento do contingente militar russo foi o terceiro desde o início da guerra: em agosto de 2022, Putin ordenou que as Forças Armadas tivessem à disposição 1.150.628 militares, um número que passou para 1,32 milhão em dezembro do ano passado, através de um novo decreto do líder russo. Em setembro de 2022, o governo declarou uma “mobilização parcial”, que convocou para o combate cerca de 300 mil civis com experiência militar — recentemente, as autoridades russas disseram que não planejam novas convocações.

Caso a meta de novos recrutamentos voluntários seja atingida, a Rússia chegará ao número estipulado pelo ex-ministro da Defesa, Sergei Shoigu, como o adequado para garantir a segurança do país. Em janeiro do ano passado, o governo aprovou um plano de Shoigu para não apenas elevar o contingente a 1,5 milhão de combatentes, mas também para criar novas divisões em áreas de fronteira e nos territórios ocupados na Ucrânia.

O anúncio do novo decreto veio após dias de retórica elevada por parte do Kremlin. Na semana passada, Putin disse que uma eventual decisão da Otan, a principal aliança militar ocidental, para permitir que suas armas sejam usadas em ataques dentro do território russo seria encarada como uma declaração de guerra por Moscou.

— Isso mudaria de forma significativa a própria natureza do conflito — disse Putin a um repórter da televisão estatal russa. — Isso significaria que os países da Otan, os EUA, os países europeus, estão em guerra com a Rússia.

Kiev quer empregar essas armas contra locais de onde são lançados mísseis e drones contra a Ucrãnia, mas muitos dos líderes da aliança, especialmente dos EUA, não parecem dispostos a correr riscos com um país que tem à sua disposição um considerável arsenal de armas convencionais e nucleares. Por outro lado, analistas e alguns membros da Otan veem as palavras de Putin como um blefe, e pedem aos americanos que deixem de lado suas objeções e autorizem os ataques.

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