Boeing 737 MAX: Funcionários de resgate coletam destroços do avião que caiu em Jacarta, Indonésia (Edgar Su/Reuters)
Beatriz Correia
Publicado em 16 de outubro de 2019 às 18h05.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 11h49.
Semanas depois que um jato da Lion Air caiu no mar de Java, um acidente de avião que matou todas as 189 pessoas a bordo, um funcionário da companhia aérea forneceu aos investigadores fotografias que comprovariam que um reparo fundamental havia sido realizado adequadamente no dia anterior ao desastre. No entanto, as imagens talvez não mostrem o que foi afirmado.
O período exibido nas imagens de uma tela de computador na cabine do 737 Max da Boeing indica que as fotos teriam sido tiradas antes que o reparo fosse realizado, segundo relatório preliminar do acidente que está sendo preparado pelo Comitê Nacional de Segurança de Transporte da Indonésia (NTSC, na sigla em inglês), cujos trechos foram revisados pela Bloomberg News.
Da mesma forma, os investigadores não puderam confirmar a autenticidade de outras fotos no pacote, que deveriam mostrar como um equipamento próximo ao nariz do jato havia sido calibrado, de acordo com o relatório. Havia indícios de que as imagens mostravam um avião diferente, segundo duas pessoas a par da investigação.
O relatório preliminar não deixa claro se alguém falsificou ou manipulou as fotos - o que seria considerado uma violação grave do protocolo -, mas conclui que as imagens podem não ser provas válidas. O incidente aumentou a tensão na já complicada investigação internacional, na qual bilhões de dólares e a reputação de companhias aéreas, fabricantes e nações inteiras estão em jogo.
Segundo uma pessoa informada sobre o assunto, a companhia aérea da Indonésia disse aos investigadores que as alegações sobre as fotos são infundadas e não devem ser mencionadas no relatório final do acidente de outubro de 2018. Mas, para outros envolvidos nas investigações, esse pedido pode representar uma tentativa de enganar os investigadores sobre um aspecto crítico do caso e precisa ser documentado, disseram duas outras pessoas que foram informadas sobre a existência das fotos.