Protógenes: "se realmente esse diálogo existiu, não há, no diálogo, nenhuma relação com o sistema Cachoeira. A conversa não está no contexto do sistema de Carlinhos Cachoeira" (Gustavo Lima/Agência Câmara)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2012 às 09h29.
Brasília - O deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) afirmou desconhecer a existência dos diálogos gravados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, revelados nesta quarta pelo Estado, que indicariam ligação entre ele e o sargento Idalberto Matias Araújo, o Dadá, um dos principais operadores do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. "Não reconheço (que seja eu falando). Preciso ter acesso aos áudios para poder afirmar ou não se existiu essa conversa", afirmou o ex-delegado em entrevista à radio Estadão ESPN, quarta de manhã.
O deputado disse que a notícia causou surpresa. "(A manchete da notícia) dá a entender um suposto envolvimento. Não existe envolvimento, não tenho relação nem direta nem indireta com Cachoeira ou com o sistema de Cachoeira", insistiu. Segundo investigações da PF, Protógenes aparece em pelo menos seis conversas suspeitas com Dadá, que esteve a serviço do ex-delegado na Operação Satiagraha. Nas conversas, o ex-delegado orienta Dadá sobre como agir para embaraçar a investigação aberta pela corregedoria da PF sobre desvios no comando da operação - que culminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas.
Segundo Protógenes, sua relação com Dadá era profissional e ele desconhecia a participação do sargento no esquema de Cachoeira. "Conheço o sargento Idalberto da época em que eu era diretor de Inteligência da PF e ele era membro do Serviço de Inteligência da Aeronáutica. Nossos contatos eram relativos a atividades de inteligência", explicou. "A prisão do sargento foi uma surpresa no meio da inteligência, em razão de sua competência."
Durante a entrevista, o deputado ouviu trechos das conversas aos quais o Estadão teve acesso. "Se realmente esse diálogo existiu, não há, no diálogo, nenhuma relação com o sistema Cachoeira. A conversa não está no contexto do sistema de Carlinhos Cachoeira", disse o ex-delegado. Conforme a PF, as ligações foram feitas para o celular do deputado, no ano passado. "Não tenho lembrança nenhuma. Sai uma manchete no Estadão dando a entender que eu tenho alguma vinculação com o sistema Cachoeira. Quero saber de diálogos existentes com o sistema Cachoeira", disse Protógenes, acrescentando que vai esclarecer "tamanha irresponsabilidade."
Autor do requerimento de criação de uma CPI para investigar a ligação de políticos com Carlinhos Cachoeira, Protógenes disse que o teor das gravações não o impede de ser relator da comissão e que "com certeza" se sentiria à vontade para essa tarefa.
Ofício
Em ofício enviado nesta quarta ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Protógenes pede informações da investigação sobre Cachoeira que possam incriminá-lo e questiona a existência de "áudios e vídeos" envolvendo seu nome na investigação. E, se houver, "se esses diálogos tipificam conduta criminosa" com o sistema comandado pelo contraventor.
Em seu blog e nas redes sociais ele classifica a reportagem de "tendenciosa" e diz que "os supostos áudios situam-se completamente fora do contexto do caso Cachoeira." No Twitter, o deputado escreveu que a reportagem foi "uma encomenda" e que "os dados vão aparecer na CPI." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.