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Protestos na Etiópia contra morte de músico deixam ao menos 166 mortos

Assassinato de Haacaaluu Hundeessaa, da etinia oromos, maior grupo etíope, despertou ressentimentos causados por décadas de repressão governamental

Protesto na Etiópia: Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos (Thabo Jaiyesimi/Getty Images)

Protesto na Etiópia: Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos (Thabo Jaiyesimi/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 5 de julho de 2020 às 10h29.

Última atualização em 5 de julho de 2020 às 10h35.

Cerca de 166 pessoas já morreram na capital da Etiópia, Adis Abeba, que vem sendo palco de protestos após o assassinato do músico popular Haacaaluu Hundeessaa na noite de segunda-feira, 29.

"Após a morte de Haacaaluu, 145 civis e 11 forças de segurança perderam suas vidas nos distúrbios na região", disse Girma Gelam, vice-comissário de polícia da região de Oromia, em comunicado à Fana Broadcasting Corporate, afiliada ao estado. As informações são do jornal The Guardian.

A morte do músico no início da semana passada aprofundou as divisões no berço político do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed. Isso porque o crime despertou ressentimentos causados por décadas de repressão governamental e pelo que os oromos, o maior grupo étnico etíope, descreve como sua exclusão histórica do poder político.

"Estou com raiva. Isso está me devorando por dentro", disse Ishetu Alemu à Reuters enquanto pneus eram queimados na rua.

Durante toda a semana, sons de tiros ecoaram em muitos bairros, e grupos armados com facões e varas percorreram as ruas. Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos da cidade, e em que os dois lados tiveram atritos com a polícia.

"Tivemos uma reunião com a comunidade, e nos disseram para nos armarmos com tudo que tivermos, inclusive facões e varas. Não acreditamos mais que a polícia nos protegerá, então temos que nos preparar", disse um morador de Adis Abeba, que como outros entrevistados pediu para não ser identificado por temer represálias.

Uma família oromo disse que uma gangue armada tentou invadir seu complexo. A polícia reagiu, mas disse que não podia ficar por estar recebendo muitos outros chamados.

Com o crescimento dos protestos, militares foram mobilizados em algumas áreas, disseram três testemunhas. Uma descreveu uma rua coberta de pedras que manifestantes hostis aos oromos atiraram contra a polícia.

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