Manifestantes líbios protestam contra as milícias que ainda estão em Trípoli (Mahmud Turkia/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2011 às 16h39.
Trípoli - Centenas de moradores e policiais em Trípoli protestaram nesta quarta-feira contra os ex-rebeldes que derrubaram Muammar Kadafi e ainda estão acampados na capital com armas.
Homens, mulheres e crianças, carregando bandeiras da Líbia se reuniram na Praça dos Mártires em um protesto organizado pelo conselho da cidade e apoiado pelo governo interino.
"Estamos protestando contra as armas e as pessoas que as usam. Eu quero que as milícias que vieram de fora de Trípoli saiam. Eles têm que voltar para suas casas e continuar seus estudos", disse à AFP a professora Salwa Lamir, que exibia um cartaz dizendo "O povo quer segurança!".
Na terça-feira, o governo interino deu seu firme apoio a um prazo final de duas semanas para as milícias deixarem Trípoli, reforçando uma ameaça do conselho de bloquear a cidade, se eles não saírem, no dia 20 de dezembro.
As milícias, a maioria de cidades de Misrata e Zintan, participaram da libertação de Trípoli em agosto e estão na cidade desde então, frequentemente ocupando prédios para usá-los como quartéis-generais. Elas criaram postos de controle nas principais ruas e também em instalações como no aeroporto internacional da capital.
As pressões para desarmar os ex-rebeldes em Trípoli aumentaram depois de a imprensa local ter relatado vários conflitos entre facções nas últimas semanas. No dia 5 de outubro, os novos líderes do país ordenaram que todas as armas pesadas fossem retiradas de Trípoli, alertando que a presença prolongada deles poderia passar uma imagem ruim da revolução que derrubou e matou Kadafi.
"Essas milícias até intervêm no trabalho da polícia, nos pedindo várias vezes para libertar colegas deles. Isso obstrui a aplicação da lei", disse um agitado policial, Mustafa Salem.
Dezenas de advogados e juízes também se manifestaram nesta quarta-feira, próximo ao principal tribunal de Trípoli, pedindo proteção. Na terça-feira, segundo testemunhas, dezenas de homens armados e civis forçaram a entrada no tribunal e no escritório do procurador-geral, Abdelaziz al-Hasadi, pedindo a libertação de um ex-rebelde, supostamente envolvido em um assassinato.