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Protestos contra Uber interditam ruas de Buenos Aires

Os manifestantes pediram "igualdade de condições" para um aplicativo que chega de fora "para competir deslealmente, tirar trabalho e não deixar nada no país"


	Uber: ônibus, transportadoras e motoristas particulares que conseguiram passar pela paralisação apoiavam a reivindicação
 (Enrique Marcarian / Reuters)

Uber: ônibus, transportadoras e motoristas particulares que conseguiram passar pela paralisação apoiavam a reivindicação (Enrique Marcarian / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2016 às 15h41.

Buenos Aires - Centenas de taxistas interditaram 25 pontos estratégicos de Buenos Aires nesta sexta-feira em protestos contra a inauguração do Uber na capital argentina, o que provocou retenções em diversas partes da cidade.

Com distribuição de panfletos informativos aos pedestres, bandeiras e gritos contra o Uber, os manifestantes pediram "igualdade de condições" para um aplicativo que chega de fora "para competir deslealmente, tirar trabalho e não deixar nada no país, pois leva tudo embora".

Agop Tequián, um dos taxistas que aderiram à manifestação, explicou à Agência Efe que não se opõe à tecnologia e nem a esta nova plataforma. Segundo ele, sua exigência é "que (o serviço do Uber) se adeque às regras" estabelecidas pela legislação argentina.

"Entendemos que há muita gente com necessidade de trabalho, mas se eles receberão 4,50 pesos (por quilômetro), que é nada, estariam trabalhando praticamente de graça" e em condições de segurança "ínfimas" para o cidadão, disse Tequián, que considera imprescindível que o Estado seja "uma parte importante" para que a integração do Uber no país "não funcione".

Ônibus, transportadoras e motoristas particulares que conseguiram passar pela paralisação apoiavam a reivindicação com buzinas e adesivos com a mensagem "Fora Uber".

"Não há acordo, tem que sair. Com as famílias de taxistas não se pode brincar", disse outro dos taxistas que apoiaram a manifestação, Marcos Soto.

Para ele, "o táxi é como falar do Obelisco", uma espécie de emblema da cidade, e com a chegada da empresa americana considera que "todos" estão sendo prejudicados.

Soto opinou que "o governo está do outro lado", do Uber, mas que, apesar disso os taxistas continuarão "lutando até o último minuto" para não permitir "que venham tirar o trabalho".

Em meio aos protagonistas da mobilização também se encontram os profissionais do setor que não participaram da paralisação, como Carlos Castro, que afirma que "é preciso sair para trabalhar para pagar as contas".

O fato de Carlos não ter comparecido ao protesto contra o Uber não significa que ele não compartilhe o descontentamento dos companheiros de profissão. Ele pede que haja igualdade de condições no trabalho, mas que da forma como o protesto está sendo feito "não se vai conseguir nada".

Para ele, seria necessário fazer uma "greve geral", um dia inteiro sem táxis em toda a cidade, para que realmente se fizesse notar e as pessoas tomassem consciência.

O governo da cidade de Buenos Aires mantém a postura de "fazer cumprir a lei vigente" e apoia os taxistas, como sustentou o vice chefe de governo, Diego Santillí, em declarações à emissora "FM Delta".

"Houve uma reunião entre o Uber e o secretário de Transporte da cidade, mas não houve nenhum acordo para que funcionem dentro da lei", explicou Santillí, que tem "a sensação de que a lei são eles, o Uber".

O aplicativo móvel, com presença em mais de 400 cidades e 70 países, permite fazer viagens com um motorista particular e pagar com cartão de crédito o trajeto com tarifas que, geralmente, são mais baixas que as oferecidas pelos táxis.

A plataforma chegou a Buenos Aires na terça-feira passada e desde então os protestos dos taxistas foram frequentes. Os responsáveis pelo Uber afirmam que, em seu papel de "intermediário tecnológico" entre usuários e motoristas, cumprem com o Código Civil e Comercial argentino.

O aplicativo continua a operar com normalidade apesar da proibição emitida pela justiça argentina, que argumenta que o serviço de transporte prestado é "ilegal".

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