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Protestos contra o governo reúnem milhares em Istambul

Este é o quarto dia consecutivo de confrontos entre policiais e manifestantes hostis ao primeiro-ministro da Turquia

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2013 às 18h45.

Milhares de pessoas tomaram mais uma vez, na noite desta segunda-feira, a Praça Taksim de Istambul, enquanto a polícia interveio para dispersar manifestações que se aproximavam de gabinetes do chefe de governo, Recep Tayyip Erdogan, em Istambul e em Ancara.

Este é o quarto dia consecutivo de confrontos entre policiais e manifestantes hostis ao primeiro-ministro da Turquia. Erdogan negou qualquer tentativa de uma guinada autoritária e rejeitou a ideia de uma "Primavera Turca", afirmando no Marrocos, onde realiza uma visita, que a situação está voltando à normalidade em seu país.

Enquanto isso, pela primeira vez a morte de uma pessoa foi registrada desde o início do movimento. A União de Médicos turcos anunciou a morte de um jovem no domingo à noite em Istambul, atropelado por um carro que avançou sobre os manifestantes.

Uma das mais importantes confederações sindicais turcas convocou nesta segunda a uma greve de dois dias, a partir de terça, para denunciar o recurso ao "terror" por parte do Estado contra os manifestantes que desafiam o governo.

"O terror exercido pelo Estado contra manifestações totalmente pacíficas é mantido de tal forma que ameaça a vida de civis", considerou a Confederação dos Sindicatos do Setor Público (KESK) em um comunicado divulgado em seu site.

A KESK, que reivindica 240.000 afiliados nos onze sindicatos, também considerou que a brutalidade da repressão traduz "a hostilidade com a democracia" do governo islâmico conservador no poder.

Após uma trégua de algumas horas, manifestantes e forças de ordem retomaram sua violenta ofensiva, tanto em Ancara, na praça central de Kizalay, quanto em Istambul, nas imediações dos gabinetes do primeiro-ministro. Policiais atacavam com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água, enquanto manifestantes responderam com pedras.


Ainda mais determinados, os manifestantes tomaram novamente a Praça Taksim, coração dos protestos, agitando bandeiras turcas e gritando "Tayyip, renuncie!"

Erdogan desafiou os manifestantes antes de de deixar a Turquia nesta segunda à tarde para uma viagem de quatro dias pelos países do Magreb.

"Sim, estamos agora na primavera, mas não deixaremos que se torne um inverno", acrescentou, referindo-se à "Primavera Árabe".

Algumas horas depois, na capital do Marrocos, Erdogan afirmou durante uma coletiva de imprensa que a situação "está voltando à calma".

"Quando eu voltar desta visita (ao Magreb, nr), os problemas serão resolvidos", acrescentou.

O chefe de governo também acusou os opositores de tentarem se aproveitar deste movimento de contestação.

A Bolsa de Istambul caiu 10,47% no fechamento da sessão desta segunda, devido à preocupação dos mercados com o panorama no país.

Desde sexta-feira, o protesto de alguns militantes contra o projeto de destruição de um parque público de Istambul se espalhou aos poucos por toda a Turquia.


Acusado de uma guinada autoritária e de querer "islamizar" a sociedade turca, Erdogan enfrenta hoje um movimento de contestação de uma amplitude inédita desde a chegada ao poder de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, originário do movimento islamita), em 2002.

A violência dos três últimos dias deixou mais de mil feridos em Istambul e pelo menos 700 em Ancara, segundo organizações de defesa dos direitos humanos e sindicatos de médicos das duas cidades.

De acordo com o ministro do Interior, Muammer Güler, a polícia havia detido mais de 1.700 manifestantes no domingo, sendo que a maior parte foi rapidamente liberada.

A brutalidade da repressão, amplamente divulgada pelas redes sociais turcas, suscitou diversas críticas de países estrangeiros.

O secretário de Estado americano, John Kerry, condenou mais uma vez o uso "excessivo" da força por parte dos policiais na aliada Turquia.

França e Reino Unido também denunciaram a brutalidade da repressão, enquanto a ONG Anistia Internacional pediu que as autoridades de Ancara parem imediatamente de recorrer à força de forma "abusiva".

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