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Protestos contra governo da Venezuela deixam mais três mortos

Oposição convocou para esta quarta-feira uma nova manifestação no centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos

Protestos na Venezuela: oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento (Marco Bello/Reuters)

Protestos na Venezuela: oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de abril de 2017 às 09h37.

Última atualização em 25 de abril de 2017 às 09h39.

Três pessoas morreram nesta segunda-feira em cidades do oeste da Venezuela, em um novo dia de protestos contra o presidente Nicolás Maduro, elevando a 24 o número de óbitos em quase um mês de manifestações opositoras.

"Verificamos e confirmo a morte de dois homens em manifestações em Barinas e Mérida", informou uma fonte da Procuradoria. Os mortos são dois homens, de 42 e 54 anos, e há outros sete feridos.

Posteriormente, o líder chavista Jorge Rodríguez revelou a morte de Daniel Infante, ferido a bala na cidade de Mérida.

Funcionários do governo afirmam que os dois mortos em Mérida eram manifestantes pró-Maduro.

O Defensor do Povo, Tarek William Saab, denunciou "uma chuva de disparos contra uma concentração pacífica de partidários do governo" em Mérida.

Dirigentes do partido opositor Primeiro Justiça denunciaram que o morto em Barinas protestava contra Maduro e foi alvo de "paramilitares do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela)", no poder.

No mesmo incidente, dois manifestantes ficaram feridos.

A oposição convocou para esta quarta-feira uma nova manifestação no centro de Caracas, onde se concentram os poderes públicos, como parte dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro.

"Há três instituições que são cúmplices do golpe de Estado (...). Vamos nos dirigir a uma delas", disse o deputado Miguel Pizarro em referência à Defensoria do Povo, ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), os três no centro de Caracas, considerado um bastião chavista.

Os opositores realizaram nesta segunda um bloqueio das principais vias do país, como parte de uma série de manifestações que começaram em 1º de abril para pedir eleições gerais no país.

Em Caracas, dois caminhões do Ministério dos Transportes foram incendiados por manifestantes em uma autoestrada no leste da capital, onde milhares de pessoas se reuniram no "plantão" para exigir eleições e a saída de Maduro.

Manifestantes com os rostos cobertos ou encapuzados jogaram gasolina na autoestrada e atearam fogo aos caminhões, que estavam estacionados, sem que a polícia reagisse de imediato, constatou a AFP no local.

Em seguida, os manifestantes utilizaram os veículos calcinados para bloquear a autopista, em um trecho próximo a um shopping do bairro nobre de Las Mercedes.

Mais cedo, a tropa de choque havia lançado bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes, que responderam com pedras, em incidentes no mesmo setor.

Com um alto-falante, um líder opositor pedia ao "protesto pacífico evitar a repressão do governo".

Sob um sol forte, milhares de opositores bloquearam vias importantes do país para manter a pressão sobre Maduro, que no domingo reiterou a sua disposição de dialogar e celebrar eleições regionais.

"O som da resistência pacífica é mais forte que o de bombas lacrimogêneas e o chumbo, temos que permanecer aqui", pedia o parlamentar Miguel Pizarro, de um caminhão que abria caminho entre os manifestantes.

O "plantão" contra Maduro também mobilizava manifestantes nas capitais dos Estados de Zulia, Mérida, Anzoátegui, Lara e Bolívar.

A oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento, único poder que controla, e assegura que permanecerá na rua até conseguir "restituir o fio constitucional".

"Os protestos pacíficos vão continuar até que o senhor Maduro respeite a Constituição e encerre seu autogolpe. Se não houver resposta da corrupta cúpula madurista, ao final do dia de hoje anunciaremos as próximas ações", alertou o líder opositor Henrique Capriles.

"A Venezuela se ergue contra a ditadura. Se não permitirem que nos dirijamos às instituições, fazermos esta ação para aumentar a pressão. Não vamos nos render", disse o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara.

Já o líder chavista Diosdado Cabello garantiu que "eleições gerais não vão ocorrer sob qualquer circunstância (...). "Nicolás não vai sair. Em todo caso, temos eleições de governadores e prefeitos que não aconteceram por culpa da oposição".

Os protestos, iniciados em 1º de abril, explodiram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) atribuiu-se funções do Legislativo. Embora tenha voltado atrás nesta decisão, após pressão internacional, a oposição exige a saída de Maduro do poder.

O governo e a oposição se responsabilizam mutuamente pelos incidentes de violência que já deixaram, além dos 24 mortos, centenas de detidos e feridos, e vários comércios saqueados.

Eleições já

Maduro disse no domingo que deseja "eleições já".

"Eleições, sim, quero eleições já. É o que eu digo, como chefe de Estado, como chefe de governo", lançou o presidente em seu programa dominical, ao se referir às eleições regionais.

Há duas semanas, Maduro já havia dito estar "ansioso" pela convocação das eleições de governadores, que deveriam ter sido realizadas em dezembro, e de prefeitos, previstas para este ano.

"Com o fracasso que tiveram na Assembleia Nacional, estou certo de que o nosso povo vai entregar a conta em qualquer eleição que vier, e vamos ter uma nova e boa vitória", insistiu o presidente.

Segundo as pesquisas mais recentes, Maduro conta com uma rejeição de cerca de 70%.

Depois de suspender um processo para revogar o mandato do governo atual em um referendo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) adiou as eleições regionais para iniciar um processo de legalização dos partidos que não haviam participado da última disputa nas urnas.

"Estou pronto para o que o Poder Eleitoral disser", garantiu Maduro, que chegou ao poder em 2013, após derrotar Henrique Capriles por uma margem apertada.

Maduro voltou a convidar a oposição a retomar o processo de diálogo, congelado desde o ano passado, depois que a oposição acusou o governo de não cumprir os acordos.

"Estou pronto para mostrar que cumprimos e, se não tivermos cumprido, cumprir", indicou.

"E, daqui, peço ao papa Francisco que continue nos acompanhando no diálogo, porque há uma conspiração em Roma contra o diálogo na Venezuela, e aqui também", acrescentou.

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