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EUA têm maiores atos antirracistas até agora e protestos chegam à Europa

Manifestações reuniram milhares de pessoas em vários lugares dos EUA. Protestos também ocorreram na Europa, com direitos dos imigrantes entrando na pauta

Protestos na Filadélfia: manifestantes se reuniram em diversas cidades dos EUA e mundo afora neste fim de semana (Bastiaan Slabbers/Reuters)

Protestos na Filadélfia: manifestantes se reuniram em diversas cidades dos EUA e mundo afora neste fim de semana (Bastiaan Slabbers/Reuters)

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Reuters

Publicado em 7 de junho de 2020 às 14h18.

Última atualização em 7 de junho de 2020 às 22h25.

Os protestos nos Estados Unidos motivados pela morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis cruzaram mais uma fronteira, neste fim de semana. Este domingo marca o 13º dia de protestos. As pedindo justiça racial espalharam-se por todo o país e foram da capital Washington a uma cidade no leste do Texas, que já foi um refúgio de membros da Ku Klux Klan.

Os atos americanos também inspiraram protestos anti-racismo ao redor do globo, com manifestantes de Brisbane e Sydney na Austrália a Londres, Paris e outras cidades europeias abraçando a mensagem do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

Em Washington, dezenas de milhares de pessoas gritando “Não consigo respirar” e “Mãos para cima, não atire” reuniram-se no Lincoln Memorial e marcharam rumo à Casa Branca no sábado, no maior protesto dos 12 dias de manifestações ao redor dos EUA desde a morte de Floyd.

A mensagem comum do dia foi a determinação de transformar a raiva gerada pela morte de Floyd em um movimento mais amplo que busca reformas no sistema judiciário criminal dos EUA e na maneira como ele trata minorias.

“Parece que eu faço parte da história e parte de pessoas que estão tentando mudar o mundo para todos”, disse Jamilah Muahyman, moradora de Washington que participou de protesto perto da Casa Branca.

As aglomerações em Washington e dúzias de outras cidades norte-americanas - urbanas e rurais - também foram notáveis pelo nível baixo, em geral, de tensão e divergência em relação ao que foi visto durante boa parte da semana anterior.

Houve momentos esporádicos de tensão em algumas cidades quando manifestantes que tentavam bloquear o tráfego foram atingidos por bombas de efeito moral disparadas pela polícia, como ocorrido em Seattle.

Mas, no geral, foi o dia mais pacífico dos protestos desde que as imagens do assassinato de Floyd vieram a público em 25 de maio. Floyd, um homem negro, foi assassinado por um policial branco. Ele estava desarmado e algemado, com o rosto para baixo em uma rua de Minneapolis enquanto o policial branco que o assassinou estava ajoelhado sobre seu pescoço com todo o peso do seu corpo.

O policial ficou ajoelhado sobre o pescoço de Floyd por nove minutos, sem se importar com gritos de pessoas que alertavam que Floyd estava morrendo, enquanto colegas dele apenas assistiram à cena.

O vídeo do assassinato gerou ódio e os protestos de Minneapolis espalharam-se para outras cidades, pontuados por episódios de incêndios, saques e vandalismo, cuja culpa autoridades e ativistas colocaram em agitadores e criminosos alheios ao movimento contra o racismo e pela justiça social.

A intensidade dos protestos ao longo da última semana começou a diminuir na quarta-feira, depois que procuradores de Minneapolis prenderam os quatro policiais implicados no assassinato de Floyd. Derek Chauvin, o policial branco que o matou ao não se importar com as repetidas suplicas de Floyd pela vida, foi denunciado por assassinato em segundo grau. No vídeo, Floyd diz várias vezes que "não consigo respirar" mas o policial nada faz para ajudá-lo.

Em Nova York, uma grande massa de pessoas cruzou a ponte do Brooklyn em direção a Manhattan na tarde de sábado, em uma passeata ao longo de uma deserta avenida da Broadway. Milhares de outras pessoas reuniram-se no Harlem e rumaram em direção ao sul da cidade, por volta de 100 quarteirões, até o parque da Washington Square.

No sul do país, centenas de pessoas formaram fila para o velório de Floyd em uma igreja da cidade onde ele nasceu, Raeford, na Carolina do Norte. O funeral de Floyd está marcado para terça-feira, em Houston, onde ele viveu antes de se mudar para a região de Minneapolis.

Protestos antirracistas na Bélgica

Protestos antirracistas na Bélgica: manifestações ocorreram em vários países da Europa (Yves Herman/Reuters)

Protestos se espalham na Europa

Os protestos por justiça racial também foram grandes neste domingo, 7, na Europa, que já vinha registrando manifestações antirracistas ao longo da semana. Nos protestos europeus, pautas como os direitos a imigrantes também foram citadas.

Em Milão, os manifestantes se reuniram em frente à estação central de trens da cidade. Muitos eram imigrantes ou filhos de imigrantes africanos. Segundo organizadores, o slogan "Vidas Negras Importam" tem um significado adicional na Itália, o de evitar "ver pessoas negras como se fossem estrangeiros e não cidadãos". Significa, também, não postergar uma reforma legislativa para a facilitar a concessão de cidadania a imigrantes.

Estrangeiros nascidos na Itália não têm direito à cidadania até que completem 18 anos vivendo no país. Alguns grupos têm tentado mudar a legislação para permitir que crianças nascidas na Itália recebam a cidadania ainda menores, desde que frequentem escolas locais.

No Reino Unido, protestos ocorreram em cidades como Bristol e Londres. Em Bristol, manifestantes derrubaram a estátua de um comerciante de escravos na cidade.

Em Budapeste, na Hungria, os grupos se reuniram de forma pacífica do lado de fora da Embaixada americana. Na Espanha, milhares de pessoas foram às ruas em apoio aos protestos nos EUA e para denunciar a discriminação racial na Europa. Em Madri, os manifestantes se reuniram em torno da embaixada dos EUA. Também foram realizados protestos em Barcelona.

Em Roma, Itália, o primeiro protesto na cidade contra o racismo foi realizado na Piazza del Popolo. Manifestações estavam previstas para ocorrer também em outras cidades de médio porte do país, como Bergamo e Perugia.

Na Alemanha, eram esperados novos protestos para este domingo em Berlim, Colônia, Leipzig e Stuttgart. A polícia do país informou que 93 pessoas foram detidas no sábado, quando ao menos 15 mil pessoas participaram da manifestação na capital alemã em resposta à morte de George Floyd.

Na Ásia, um grupo pequeno, de cerca de 20 pessoas, protestou em Hong Kong em frente ao consulado dos EUA, em solidariedade ao movimento "Vidas negras importam".

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