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Protesto da Geração Z no Peru deixa um morto e mais de 100 feridos

Liderada por jovens, a manifestação protesta contra a classe política e a onda de extorsões e assassinatos do crime organizado

Protestos em Lima: confrontos deixam 1 morto e mais de 100 feridos durante manifestação contra o governo (CONNIE FRANCE/AFP)

Protestos em Lima: confrontos deixam 1 morto e mais de 100 feridos durante manifestação contra o governo (CONNIE FRANCE/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de outubro de 2025 às 10h26.

Última atualização em 16 de outubro de 2025 às 10h41.

Uma pessoa morreu e mais de 100 ficaram feridas nos confrontos registrados na quarta-feira à noite no centro de Lima, durante um grande protesto liderado por jovens contra o Congresso e o governo que tomou posse recentemente.

Uma multidão seguiu em direção à sede do Legislativo em um protesto contra a classe política e a onda de extorsões e assassinatos do crime organizado.

Crise política e descontentamento social no Peru

A crise de segurança precipitou a destituição da presidente Dina Boluarte em um julgamento político expresso no dia 10 de outubro.

O político de direita José Jerí, 38 anos, que era presidente do Parlamento, assumiu o posto de chefe de Estado de maneira transitória até julho de 2026, quando deverá entregar o poder ao candidato eleito nas eleições gerais do próximo ano.

Antes da inesperada mudança de presidente, a Geração Z, um coletivo de jovens de 18 a 30 anos, e sindicatos de artistas e de trabalhadores dos transportes públicos haviam convocado o protesto de quarta-feira.

Confrontos com a polícia e protesto violento

Durante a noite, os manifestantes tentaram derrubar as barreiras de segurança que haviam sido instaladas nas imediações do Congresso. A polícia dispersou a multidão com gás lacrimogêneo e avançou com escudos e cassetetes contra os manifestantes que atiravam pedras e lançavam fogos de artifício.

Um homem morreu e mais de 100 pessoas ficaram feridas, segundo as autoridades.

Jerí identificou a vítima na rede social X como "Eduardo Ruiz Sanz, de 32 anos".

A ONG Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos afirmou que a "vítima teria sido atingida por um tiro supostamente disparado por um policial à paisana".

Descontentamento e críticas ao governo

As manifestações contra a classe política e a insegurança aumentaram nas últimas semanas em Lima.

O Peru passou por sete governos na última década, incluindo o que foi instalado em substituição à impopular Boluarte.

A manifestação de quarta-feira foi a mais violenta registrada até o momento. Segundo a Defensoria do Povo, 102 pessoas feridas foram atendidas nos serviços de emergência, "24 civis e 78 policiais".

"Eu acho que há um descontentamento geral porque nada foi feito. Não há um plano de segurança do Estado", declarou à AFP a trabalhadora autônoma Amanda Meza, 49 anos, durante o protesto.

Com os confrontos de quarta-feira, ao menos 176 pessoas ficaram feridas durante os protestos mais recentes, incluindo agentes das forças de segurança, manifestantes e jornalistas, segundo as autoridades e fontes independentes.

Acusações e resistência ao governo de José Jerí

O presidente Jerí denunciou que a "manifestação pacífica" foi infiltrada por delinquentes "para gerar caos".

"Todo o peso da lei para eles", advertiu.

A manifestação de quarta-feira também teve a participação de organizações feministas, que protestaram contra o novo presidente por uma denúncia de um suposto caso de agressão sexual em dezembro de 2024, quando Jerí era parlamentar.

A denúncia foi arquivada em agosto pela Procuradoria por falta de evidências, segundo o Ministério Público.

As ativistas, no entanto, exibiram uma grande bandeira peruana com a frase "presidente do Peru José Jerí estuprador".

O coletivo Geração Z lidera o movimento de protesto e exibe em suas passeatas a bandeira da série de mangá One Piece, o novo símbolo do protesto dos jovens contra governos considerados ruins ao redor do planeta.

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