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Protesto contra censura a jornal acaba em confusão na China

Pelo segundo dia consecutivo, multidão se reuniu em frente ao prédio do liberal Semanário do Sul, de Cantão

Manifestantes seguram cartazes próximos de policiais durante protesto na sede do jornal Semanário Sul (James Pomfret/Reuters)

Manifestantes seguram cartazes próximos de policiais durante protesto na sede do jornal Semanário Sul (James Pomfret/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2013 às 08h16.

Guangzou - A polícia chinesa interveio para apartar brigas em frente à sede de um influente semanário de Cantão, na terça-feira, enquanto as autoridades comunistas sinalizam uma posição mais dura contra jornalistas que desafiam a censura oficial.

Pelo segundo dia consecutivo, uma multidão se reuniu em frente ao prédio do liberal Semanário do Sul, protagonista de uma rara e significativa revolta contra o controle das autoridades sobre a imprensa em Guangdong, a mais próspera e liberal província chinesa.

Guangdong foi o berço das reformas iniciadas há três décadas e que levaram a China ao status de segunda maior economia mundial. A reação do partido ao impasse serve como termômetro para as eventuais inclinações reformistas do novo líder do país, Xi Jinping.

As brigas aconteceram quando simpatizantes do jornal, publicado às quintas-feiras, vaiaram e empurraram um pequeno grupo de manifestantes de esquerda que carregavam pôsteres do falecido dirigente Mao Tse-tung e cartazes qualificando o Semanário do Sul como "jornal traidor", por desafiar o regime do Partido Comunista.

"Essas pessoas são agitadores pagos do governo, distorcendo a verdade com propaganda. Tínhamos de fazer algo a respeito", disse o manifestante Cheng Qiubo, da ala pró-liberdade de imprensa.

Dezenas de policiais precisaram intervir, mas os protestos foram autorizados a continuar. Dois técnicos com uma escada tentaram instalar uma câmera de vigilância no galho de uma árvore da rua, mas foram prontamente cercados por uma multidão enfurecida, e desistiram.

O impasse no Semanário do Sul, tradicionalmente visto como um farol do jornalismo independente e aprofundado na China, começou no final da semana passada, quando repórteres da publicação acusaram censores de substituir uma carta de Ano Novo aos leitores, que defendia a instauração de um governo constitucional, por um texto que louvava os feitos do Partido Comunista.

Vários manifestantes foram chamados a delegacias locais para serem interrogados, segundo uma blogueira conhecida como Ran Xiang JieJie, que apontou nisso uma sutil "intimidação" contra os ativistas.

Uma suposta portaria baixada pelo Departamento Central de Propaganda, em Pequim, está circulando amplamente nos círculos jornalísticos, e sugere que as autoridades podem reforçar seu controle.

Embora a Reuters não tenha podido verificar de forma independente o teor do documento, um jornalista do Semanário do Sul e do China Digital Times mostrou o que ele disse serem cópias da portaria, em que as autoridades reafirmam o direito do partido à censura, ao mesmo tempo em que manifesta apoio ao chefe de propaganda em Cantão, Tuo Zhen, alvo de pressão para que renuncie.

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