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Prostíbulos da Tailândia ganham com a Bolsa de Valores de Bangcoc

Uma investigação revelou que as máfias da indústria do sexo do país asiático utilizam a Bolsa de Bangcoc para lavar os lucros obtidos de maneira irregular

Prostituição: os gráficos de meia dúzia de empresas de diferentes setores mostram uma queda abrupta e sem razão aparente nas suas cotações (Paula Bronstein/Getty Images)

Prostituição: os gráficos de meia dúzia de empresas de diferentes setores mostram uma queda abrupta e sem razão aparente nas suas cotações (Paula Bronstein/Getty Images)

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EFE

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 08h55.

Bangcoc - Os lucros da próspera indústria do sexo fluem por diversos setores da Tailândia, como no futebol e em várias companhias que cotam na bolsa de valores, segundo revelou uma investigação policial contra o tráfico de pessoas.

Kampol Wirathepsuporn, sobre quem pesam 12 ordens de prisão por crimes de tráfico humano e prostituição de menores, entre outros, está foragido após ser identificado como proprietário do bordel 'Victoria Secret', onde no último dia 12 de janeiro as autoridades libertaram 20 mulheres vítimas do tráfico de pessoas.

O Departamento de Investigações Especiais (DSI) iniciou as averiguações em 2017, após o resgate de uma jovem que tinha sido obrigada a trabalhar no citado prostíbulo quando tinha 12 anos.

"Há mais de 15 anos Kampol me comprou o 'Victoria Secret'" e outros dois estabelecimentos, declarou à Agência Efe Chuwit Kamolvisit, que diz ter ajudado a polícia durante as investigações.

Chuwit, antigo agenciador e agora defensor da luta contra a corrupção, garante que Kampol e as máfias da indústria do sexo utilizam a Bolsa de Bangcoc para lavar os lucros obtidos de maneira irregular.

"A peça principal (para a lavagem de dinheiro) é um corretor muito conhecido na bolsa e que gerencia as finanças de várias pessoas com negócios duvidosos. Este homem conhece as brechas legais para adquirir ações com dinheiro de procedência ilícita", afirmou Chuwit ao identificar esta pessoa como "Mister C".

Os gráficos de meia dúzia de empresas de diferentes setores mostram uma queda abrupta e sem razão aparente nas suas cotações ao início da sessão na manhã de 15 de janeiro, a primeira após a batida policial contra o bordel de Bangcoc.

A polícia e a Comissão Nacional do Mercado de Valores investigam a desvalorização repentina ocorrida nas companhias, que vão desde empresas de construção até grupos de comunicação, e que, segundo Chuwit, contam com um acionista em comum: Kampol.

Entre os papéis apreendidos no prostíbulo está uma lista com "clientes especiais", onde aparecem os nomes de mais de 20 oficiais, alguns deles do escritório de Imigração, de Impostos e da Brigada contra o Tráfico de Pessoas.

O antigo chefe da Polícia Nacional e o atual presidente da Federação Tailandesa de Futebol, Somyot Poompanmoung, admitiu na semana passada ter recebido um empréstimo de 300 milhões de baths (mais de R$ 30 milhões) de Kampol.

O ex-delegado reconheceu aos veículos de imprensa ser amigo pessoal de Kampol há mais de 20 anos, mas alegou que desconhecia seus negócios ilegais.

Somyot, interrogado pelo DSI por aparecer nas transações financeiras das contas do suspeito, afirmou que já devolveu o empréstimo e que toda a operação foi realizada legalmente, embora ainda não tenha apresentado às autoridades as provas que sustentem a sua versão.

Um time de futebol do norte do país que participa da primeira divisão tailandesa e a compra milionária de terras na província de Phang Nga são, de acordo com o depoimento de Chuwit, outros instrumentos do sistema de lavagem de dinheiro elaborado por Kampol.

O departamento de investigação tailandês aponta que trabalha para fechar o cerco sobre os esquemas de corrupção.

A imprensa local especula que a recente operação policial se deve a razões políticas, algo que a polícia nega e sobre o que Chuwit evita se pronunciar.

Apesar de a prostituição ser ilegal sob as conservadoras leis da Tailândia, a prática é evidente em todos os cantos do país, famoso por ser um grande destino na rota do turismo sexual.

Um vasto setor que, segundo estimativas de um estudo da companhia Havocscope, movimenta mais de US$ 6,4 bilhões por ano e conta com entre 150 mil e 200 mil profissionais do sexo, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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