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Promotoria usa vídeos de Mladic para acusá-lo de genocídio

Foram usadas provas audiovisuais, de capturas de mensagem de rádio e outros documentos e testemunhas para provar que Mladic "planejou, instigou e ordenou o genocídio"

Foto não datada divulgada pelo jornal "Politika" mostra Ratko Mladic  (AFP)

Foto não datada divulgada pelo jornal "Politika" mostra Ratko Mladic (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 19h12.

Bruxelas - A promotoria finalizou nesta quinta-feira suas alegações iniciais contra o ex-general servo-bósnio Ratko Mladic por genocídio contra os muçulmanos na Bósnia, através dos próprios vídeos de propaganda nos quais o "Açougueiro dos Bálcãs" aparece comandando o massacre de Srebrenica.

A promotoria usou provas audiovisuais, de capturas de mensagem de rádio e outros documentos e testemunhas para provar que Mladic "planejou, instigou e ordenou o genocídio", como destacou o promotor Dermot Groome em sua declaração final.

Por erros da promotoria ao apresentar as provas, o julgamento foi suspenso por tempo indefinido, de modo que a sessão já não será retomada em 29 de maio, mas sim "o mais rápido possível", esclareceu o juiz Alphons Orie, do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII).

Entre as acusações de crimes de guerra, lesa-humanidade e genocídio contra Mladic estão as mortes de quase oito mil muçulmanos do enclave de Srebrenica em julho de 1995, foco da maioria das provas gráficas expostas hoje em Haia.

Nos audiovisuais apresentados nesta manhã foi possível ver um Mladic que exerce a autoridade como general e que está "consciente de seus atos", assinalou o promotor Peter McCloskey, que ressaltou igualmente "a obsessão com os muçulmanos" do acusado.

Os vídeos exibidos ao tribunal, que foram gravados a partir do dia 11 de julho de 1995, começam mostrando a reunião entre Mladic e representantes dos muçulmanos e dos boinas azuis no Hotel Fontana, junto ao enclave de Srebrenica.

Mladic pede às outras partes que se rendam e entreguem as armas. "Podem escolher entre sobreviver ou perecer", afirma, sempre auxiliado por seu tradutor.

Depois, os audiovisuais mostram como o Exército servo-bósnio separa homens de mulheres e idosos antes de serem executados.

Mladic ordenou a seus homens no próprio Hotel Fontana aniquilar todos os homens de entre 16 e 60 anos e perseguir os grupos que tentassem escapar pelas florestas que rodeiam Srebrenica e Potocari.


Em outro vídeo, aparece o próprio Mladic que pede para ser filmado e "mostrar o presente feito para os sérvios" e manda seus homens continuarem "a vingança contra os turcos".

Em um dos últimos vídeos apresentados pela promotoria se vê dois ajudantes de Mladic rodeando com seu carro um grupo de cadáveres amontoados e comentando que já estão mortos.

Em seguida aparece um ônibus vazio e um general sérvio cumprimentando-lhes e fazendo o símbolo da vitória aos comandantes de Mladic, que vão acompanhados do câmera, que grava tudo de dentro do carro.

Dos oito mil assassinados, foi possível identificar até o dia de hoje 5.917 corpos com testes de DNA.

O acusado, presente na sala vestido novamente à paisana, se mostrou mais cansado que no dia anterior, quando não parou de tomar notas, e se limitou a negar com a cabeça algumas das acusações do promotor Peter McCloskey.

Os promotores também apresentaram fotografias de Mladic assistindo sorridente a um casamento em Belgrado no final de julho de 1995, quando perto de Zepa e sob suas ordens, supostamente, eram assassinados centenas de bósnios muçulmanos.

"Este homem não é um pobre soldado, é um general eficiente que usou sua autoridade e perícia militar", salientou Groome aos juízes, insistindo que o massacre de Srebrenica foi planejado e que suas vítimas não foram efeitos colaterais de uma batalha entre dois bandos.

A promotoria mostrou ainda fotos de algumas exumações das fossas nas quais os cadáveres, enterrados uns sobre outros, têm as mãos amarradas e os olhos vendados.

Para terminar suas alegações, os promotores exibiram um vídeo de Mladic dirigindo-se aos passageiros muçulmanos de um ônibus antes de serem deportados a quem diz que "lhes poupará a vida"; uma frase que, segundo Groome "dá uma boa ideia da mente" do suposto criminoso de guerra.

O início do julgamento do Açougueiro dos Bálcãs acontece 12 meses após sua detenção e 17 anos depois que o tribunal publicou em 1995 a primeira acusação contra ele e 20 anos depois do início da guerra na Bósnia.

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