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Projetos com problemas ambientais perdem força na Vale

Empresa poderá excluir da carteira de investimentos projetos que já enfrentam ou poderão passar por problemas ambientais, disse uma fonte próxima da mineradora


	Logo da Vale do lado de fora do escritório comercial central em Sain-Prex, perto de Genebra
 (Denis Balibouse/Reuters)

Logo da Vale do lado de fora do escritório comercial central em Sain-Prex, perto de Genebra (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2012 às 13h35.

Rio de Janeiro - Neste momento em que os preços de minério de ferro estão em queda livre, a Vale poderá excluir da carteira de investimentos projetos que já enfrentam ou poderão passar por problemas ambientais, disse uma fonte próxima da empresa que acompanha o assunto.

Um exemplo de como isso está acontecendo é o projeto Apolo, localizado em área pleiteada para se tornar reserva ambiental em Minas Gerais, suspenso por tempo indeterminado, disse a fonte, pedindo anonimato.

O projeto, com capacidade para 24 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, que já havia saído da lista de prioridades da empresa no final do ano passado, tem parte de suas reservas localizadas onde o governo federal planeja criar o Parque da Serra da Gandarela.

Contatada, a Vale não comentou o assunto.

Outros projetos afetados pela criação do parque seriam Apolo Sul, a mina Baú e a reativação da mina Capanema, de acordo com mapeamento realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) para a delimitação do parque.

A reserva, segundo o órgão federal do meio ambiente, visa preservar, entre outros alvos, aquíferos que fornecem cerca de 60 por cento da água de Belo Horizonte e que alimentam importantes rios do país.

Com investimentos previstos de 2,5 bilhões de dólares, Apolo é alvo de ação judicial do Ministério Público Federal de Minas Gerais.

Outros adiamentos

O último relatório da Vale sobre o andamento de projetos aprovados mostra que a companhia adiou em um ano a expansão do projeto de cobre Salobo, no Pará, para o primeiro semestre de 2013.

O projeto da maior produtora de minério de ferro do mundo é alvo de denúncias de tribos indígenas que levaram o Ministério Publico Federal do Pará a investigar o empreedimento.

Em meados do mês, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, acenou com a possibilidade de a empresa reduzir investimentos, citando que a companhia decidiu reavaliar Kronau, um projeto bilionário de potássio no Canadá.


Realidade

"O cronograma de investimentos entrou em processo de realidade desde o ano passado e deve ter mais ajustes diante desse cenário de economia fraca que não se esperava", disse a fonte.

Outra fonte próxima da empresa que acompanha o tema disse que "o ambiente de crise requer adequação da Vale e de outras mineradoras".

O tema do adiamento nos investimentos entrou na pauta de discussões da reunião do Conselho de Administração, realizada no dia 23 de agosto, em Moçambique. Mas as fontes disseram que o freio já havia sido decidido pela companhia antes mesmo da reunião.

A carteira de projetos da Vale até 2015 é de 48 bilhões de dólares, segundo informou a assessoria de imprensa da empresa.

Freio necessário

Especialistas avaliam que o setor de minério se vê obrigado a reduzir investimentos, por conta da queda do preço da commodity no mercado internacional devido à desaceleração econômica da China, o maior consumidor da matéria-prima.

"O movimento da Vale de pisar no freio é necessário, vai na linha de outras mineradora como a BHP", disse o analista de um banco de investimento que acompanha a empresa e que pediu para não ser identificado.

A gigante australiana BHP Billiton anunciou na semana passada o adiamento da expansão de um projeto de cobre avaliado em 20 bilhões de dólares e disse não aprovará grandes projetos até junho de 2013.

O minério com 62 por cento de teor de ferro caiu abaixo de 100 dólares por tonelada na última semana e está em seu menor nível desde dezembro de 2009, com base nos dados fornecidos pelo Steel Index, referência para a indústria.

"Se tem minério a preço de 100 dólares (na China), isso significa um minério a 75 dólares base FOB (Brasil)... a empresa vai ter que pensar duas vezes para investir, corre o risco de não ter o retorno do investimento", disse José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB (Associação do Comércio Exterior do Brasil).

Castro observou que os preços atuais estão em patamares pós-crise de 2008, o que deve ter efeitos sobre a indústria. "Isso deve frear os investimentos do setor. Para o setor, é um cenário bem sombrio", acrescentou.

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