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Projeto faz mapa de ataques contra minorias no Oriente Médio

Mapa online tem informações detalhadas sobre ataques para denunciá-los à ONU. Iniciativa deve ser levada ao Iraque e à Síria

Egito: objetivo do projeto é proporcionar mais liberdade religiosa ao Oriente Médio. (Chris Hondros/Getty Images)

Egito: objetivo do projeto é proporcionar mais liberdade religiosa ao Oriente Médio. (Chris Hondros/Getty Images)

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EFE

Publicado em 13 de agosto de 2017 às 17h56.

Última atualização em 13 de agosto de 2017 às 17h58.

Cairo - Criado para reunir dados de incidentes sectários ocorridos no Egito desde 2013, o "Eshhad" usa um mapa online com informações detalhadas de ataques para denunciar cada um deles à ONU e já existe a ideia de levar a iniciativa ao Iraque e à Síria, para proporcionar mais liberdade religiosa ao Oriente Médio.

Para a diretora do "Eshhad" (que quer dizer testemunha em árabe), Amira Mikhail, o mapa torna as informações mais acessíveis.

"As estatísticas cansam um pouco as pessoas, mas o mapa nos dá uma imagem completamente diferente dos números. Faz a gente entender melhor onde e como ocorrem os problemas", afirmou Mikhail à Agência Efe.

Usando diferentes cores, o mapa indica a natureza de cada incidente e a crença religiosa da pessoa ou grupo que sofreu a agressão ou a injustiça. Apesar de ser uma ferramenta de informação, o eshhad.timep.org não está disponível no Egito, onde as autoridades bloquearam mais de 100 sites independente de ONGs ou relacionadas ao Catar, por supostamente promover o terrorismo.

Mikhail contou que o "Eshhad" nasceu com o propósito de documentar a violência sectária e dar visibilidade a este fenômeno. Para ela, é muito complicado pensar que alguém tenha que mudar o seu pensamento ou religião por medo.

"Já vimos casos de pessoas que não têm nem mesmo o passaporte, outros tiveram suas casas ou propriedades incendiadas", relatou a diretora do projeto, destacando que nem todas as vítimas querem, ou têm a possibilidade, de abandonar sua terra para fugir da opressão.

Mikhail destacou que, além de disponibilizar esses dados para o público em geral, quer reunir as informações e apresentar os dados à ONU, quando tratados internacionais que defendem os direitos das minorias religiosas ou étnicas estiverem sendo violados.

"Queremos que a ideia de liberdade de credo tenha mais peso na ONU", ressaltou Mikhail, que mora nos Estados Unidos, mas vai com frequência ao Egito onde trabalha com uma equipe.

O trabalho preciso e amplo. "É preciso focar em todas as minorias do Egito - que incluem cristãos, judeus, xiitas, sufis, bahais e ateus - e no caso da Síria e do Iraque, também é preciso levar em conta às minorias étnicas", explicou.

O trabalho de documentação de "Eshhad" é importante porque a situação das minorias religiosas no Egito piorou muito neste ano, com o assassinato de "96 pessoas, entre elas 94 cristãos e dois sufis".

Ao todo, foram quatro ataques contra três igrejas e um grupo de cristãos coptas, entre dezembro do ano passado e maio deste ano, e que foram reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Este é o pior dado que o projeto registrou nos últimos quatro anos, nos quais registrou mais de 500 incidentes de violência sectária em todo o Egito, a maioria contra cristãos.

Ishak Ibrahim, advogado na ONG Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, declarou à Efe que é difícil oferecer um número global de ataques contra as minorias em todo o país, que "aumentaram devido aos recentes atentados contra cristãos e os seus locais de culto".

Tanto Ibrahim quanto Mikhail destacam a província de Minya, ao sul do Cairo, e onde se concentra o maior número de cristãos no país, como o lugar com mais incidentes sectários.

Segundo o advogado, as autoridades não intervêm na maioria dos casos, o que faz com que os crimes fiquem impunes ou que aconteçam "castigos coletivos".

"Se existe um problema entre um cristão e um muçulmano, os vizinhos transformam em alvo todos os cristãos que vivem no bairro, mesmo que não tenham nada que ver com o incidente em questão", disse.

Ibrahim lembra também que não são apenas os coptas que sofrem discriminação, mas também os xiitas, que não podem praticar os seus rituais religiosos e contra os quais existe um "discurso instigador" por parte de instituições públicas.

Além disso, os muçulmanos sunitas - maioria no Egito - foram perseguidos pelo Estado, como a escritora Fatima Naoot e o apresentador de TV Islam Behery, que foram julgados "apenas por ter opiniões diferentes" sobre o islã. EFE

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