Grupos reclamam que o projeto é uma ameaça ao patrimônio arquitetônico da cidade (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2013 às 18h51.
Roma - O projeto para a criação de um grande centro comercial no 'Armazém dos alemães', um edifício renascentista situado no Grande Canal de Veneza, acabou gerando uma série de protestos por parte de grupos conservacionistas do patrimônio arquitetônico.
O acordo assinado entre a Prefeitura de Veneza e os proprietários do edifício (o grupo Benetton) visa a criação de 'uma área comercial de mais de 6,8 mil metros quadrados'. A reforma do local, que ficaria sob responsabilidade do arquiteto dinamarquês Rem Koolhaas, criou controvérsia entre os coletivos que zelam pelo patrimônio veneziano, publicou nesta segunda-feira o jornal 'La Repubblica'.
O novo centro comercial inclui novos elementos na estrutura original do século XVI, como escadas rolantes, e também visa modificações nas estruturas do edifício, como o teto - que será demolido para criação de um amplo terraço.
Apesar da proposta de Koolhaas ter sido alvo de muitos protestos, o arquiteto dinamarquês venceu o prêmio 'Leão de Ouro' na última Bienal de Arquitetura de Veneza, onde apresentou o tal projeto, e conseguiu o empurrão definitivo para essa aprovação. Segundo o jornal, o acordo firmado entre o prefeito de Veneza, Giorgio Orsoni, e o grupo Benetton, ocorreu no final de dezembro.
Na opinião da associação conservacionista 'Itália Nostra', a remodelação do edifício - cuja fachada foi desenhada por Tiziano e Giorgione da Castelfranco - supõe uma 'modificação estrutural do edifício e um dano gravíssimo a sua integridade física e identidade histórica'.
Para os conservacionistas, o acordo também impõe condições abusivas à Prefeitura, já que o grupo Benetton pagará até o final deste ano uma quantia de US$ 8 milhões para que todas as permissões sejam liberadas em 12 meses, e a obra seja concluída em 48 meses. Caso contrário, o consistório deverá devolver esse dinheiro com juros.
A Prefeitura de Veneza, por sua vez, deve liberar as permissões necessárias 'com a máxima diligência e rapidez' para 'não prejudicar a construção integral do projeto'. Em 2008, o grupo Benetton pagou US$ 70 milhões para o serviço postal italiano para transformar o lugar em um complexo comercial de grande impacto simbólico.