Proibição do uso da burca e do niqabe entra em vigor nesta quarta (1) (Fred Dufour/AFP/AFP)
Agência Brasil
Publicado em 31 de julho de 2018 às 17h00.
Após o Parlamento da Dinamarca aprovar, por 70 votos a 30, a lei que proíbe o véu islâmico integral em espaços públicos do país, mulheres muçulmanas preparam para amanhã (1º), em Copenhague, um protesto contra a determinação. A proibição do uso da burca (veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto, com uma rede na parte dos olhos, para que se possa enxergar) e do niqabe (véu que cobre a cabeça) entra em vigor nesta quarta-feira.
Convocado pelo grupo Mulheres em Diálogo, protesto contra proibição do uso do véu será nesta quarta-feira na capital dinamarquesa.
O protesto é liderado pelo grupo Kvinder I Dialog (Mulheres em Diálogo). De forma pacífica, mulheres pretendem sair às ruas usando o traje completo muçulmano. No Twitter, elas pedem o fim do que chamam "banimento" e da legislação discriminatória. Também afirmam que estão sendo privadas da livre circulação e responsabilizadas por conflitos que não existem.
A iniciativa da Dinamarca segue exemplo de normas aprovadas na França, Bélgica, Bulgária, Letônia, Áustria e em regiões da Suíça, Itália e Alemanha. No caso da Dinamarca, qualquer violação da lei será punida com multas elevadas, que podem chegar a mil euros.
Diretora da Anistia Internacional para a Europa, Gauri van Gulik, criticou duramente a medida. "Todas as mulheres devem estar livres para se vestir como quiserem e usar roupas que expressem sua identidade ou crenças. Essa proibição terá um impacto particularmente negativo sobre as mulheres muçulmanas que escolherem usar o nicabe ou a burca."
A iniciativa aprovada pelo Parlamento da Dinamarca sustenta que a lei pretende garantir que mulheres adultas ou jovens não sejam obrigadas a cobrir o rosto. Os defensores da proposta afirmam que a proibição assegura a integração dos imigrantes que pleiteiam asilo à sociedade dinamarquesa.
Os países e as regiões em que o traje muçulmano é proibido em locais públicos negam discriminação religiosa. Porém, as iniciativas passaram a ocorrer com mais intensidade depois de 2011, dez anos depois dos ataques às Torres Gêmeas, em Nova York (Estados Unidos). Desde então, a população muçulmana alega que sua cultura e seus hábitos passaram a ser mais visados.
Para as muçulmanas, o uso do véu representa a humildade das mulheres perante o Criador, em uma demonstração de modéstia, segundo os estudiosos do Islã. De acordo com eles, uma mulher que usa o nicabe (o véu que separa o homem de Deus) se liberta do desejo vago e egoísta de mostrar sua beleza e competir com as outras (mulheres).