Agência de notícias
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 08h41.
Adolescentes se reúnem no corredor e animam o ambiente com suas conversas durante o recreio em uma escola na Finlândia, onde o uso de celulares é proibido desde o início do ano letivo, em agosto. Na Kungsvägens Skola, que atende alunos de 13 a 15 anos em Sipoo, uma cidade a nordeste de Helsinque, os professores recolhem os celulares pela manhã e os guardam em uma sala trancada até o final do dia letivo.
A transição para uma escola sem celulares "superou as expectativas", diz a diretora Maria Tallberg.
"É claro que eles reclamaram um pouco no início, principalmente porque não podem usá-los durante o recreio, mas no fundo eles entendem o porquê", disse Tallberg à AFP. "Muitos também nos disseram que não percebiam o quanto eram viciados em seus celulares", acrescenta.
A lei que proíbe o uso de celulares durante as aulas entrou em vigor em 1º de agosto em toda a Finlândia, um país conhecido pela qualidade de seu sistema educacional. No entanto, vários municípios e escolas optaram por estender a proibição também ao recreio.
A medida surge em um momento em que muitos países expressam preocupação com o impacto do uso de smartphones na saúde mental e física dos jovens, bem como na aprendizagem e na educação. Diversos relatórios, incluindo um da Unesco de 2023, alertam para o risco de os aparelhos prejudicarem a aprendizagem. Países como Coreia do Sul, Itália, Holanda e França já adotaram restrições semelhantes.
O ambiente se tornou "muito diferente", diz Kie Lindfors, de 15 anos. "Converso mais com os outros agora, e na escola temos uma sala com jogos de tabuleiro e outras atividades. Durante o recreio, vamos lá para brincar; é muito divertido", explica.
Sua colega Lotta Knapas acha "um pouco absurdo" que os celulares sejam retirados o dia todo, e reclama que a escola ficou "mais barulhenta".
O Ministro da Educação finlandês, Anders Adlercreutz, explicou à AFP que a lei foi aprovada após a queda nos resultados acadêmicos.
"Na Finlândia, como em muitos outros países, notamos um declínio nas habilidades de leitura e matemática (...), e eliminar as distrações na sala de aula ajuda", explica Adlercreutz.
Ele ressalta que a medida não ignora o mundo digital: "É importante que as crianças tenham livros em papel, mas também que desenvolvam habilidades digitais".
As aulas estão agora mais tranquilas e os alunos menos distraídos, confirma Annika Railila, professora de química na Kungsvägens Skola.
"Antes, tínhamos de lembrá-los em quase todas as aulas que os seus telefones tinham de ficar nas mochilas e não podiam ser usados durante as aulas", explica Railila. Ela diz que os alunos também socializam mais durante os intervalos, observando melhor os rostos e expressões.