Aluna é a primeira mulher na China que se uniu à campanha contra os abusos sexuais conhecida como #MeToo (Lucy Nicholson/Reuters)
EFE
Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 10h07.
Pequim - Um professor universitário foi demitido após ser acusado de assédio sexual por uma estudante nas redes sociais, no primeiro caso de denúncia pública sob o movimento #Me Too ("Eu Também") na China.
A Universidade de Beihang, em Pequim, demitiu o funcionário depois que em 1 de janeiro a estudante Luo Qianqian publicou na rede social Weibo que o professor Chen Xiaowu tinha assediado ela e suas companheiras.
Após investigar o caso, a universidade anunciou ontem à noite a sua decisão de demitir o professor de todos os cargos que ostentava ao considerar provado que "Chen Xiaowu teve um comportamento de assédio sexual para com as estudantes".
"Os comportamentos de Chen Xiaowu atentam gravemente contra a moral e as normativas dos professores, causando uma influência muito negativa na sociedade", afirmou a instituição, que destacou sua "tolerância zero" com este tipo de atuações.
Luo é a primeira mulher na China que se uniu à campanha contra os abusos sexuais conhecida como #MeToo para acabar com o silêncio sobre este tipo de delitos, que seguem sendo tabu no país asiático.
Segundo relatou a jovem no Weibo, que recebeu mais de 3,6 mil comentários, sofreu o assédio deste professor há 12 anos, quando cursava seu doutorado e ele era um de seus tutores.
"Foi um pesadelo", lembrou a jovem, que sofreu com depressão após aquele episódio e agora decidiu contá-lo publicamente após se informar em fóruns de internet que outras estudantes tinham sido assediadas por parte do mesmo professor.
"Admiro a coragem destas meninas e nunca é tarde para dizer a verdade. Espero que as universidades chinesas possam prestar atenção neste assunto e comecem a trabalhar contra o assédio sexual", assegurou uma usuária no Weibo.
"Graças a gente como você, que nos levantou, será possível conseguir mais garantias para as mulheres", disse outro usuário.
Dada a gravidade do caso, a Universidade de Beihang anunciou que a demissão do professor será "exemplar" e modificará a normativa da instituição para evitar casos similares no futuro.
"Este professor é asqueroso, mas não representa todos. Meus tutores em Beihang nos trataram muito bem e atenderam as nossas necessidades", comentou uma estudante na rede social.
O assédio sexual segue sendo um tema tabu na China, onde em 2015, sob o mandato do atual presidente, Xi Jinping, várias feministas foram detidas quando tinham previsto repartir adesivos contra as agressões sexuais no transporte público em diferentes cidades do país.