O ex-presidente egípcio, Hosni Mubarak: juiz rejeitou as acusações contra Mubarak por cumplicidade na morte de manifestantes durante a revolução de 2011, e o absolveu em dois casos de corrupção (AFP/ AHMED EL-MALKY)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 08h47.
Cairo - A Procuradoria-Geral do Egito anunciou nesta terça-feira que apresentará um recurso contra as sentenças que inocentaram no sábado o ex-presidente Hosni Mubarak, seus filhos e outras autoridades de seu regime.
A decisão foi tomada pelo procurador-geral, Hisham Barakat, após uma equipe técnica estudar a decisão emitida no sábado pelo Tribunal Penal do Cairo, que gerou grande controvérsia no país, segundo o comunicado oficial divulgado pela agência "Mena".
Um juiz rejeitou as acusações contra Mubarak por cumplicidade na morte de manifestantes durante a revolução de 2011, e o absolveu em dois casos de corrupção.
Barakat alegou que ordenou a impugnação de todas as sentenças, tanto pela morte de manifestantes como pelos casos de corrupção, porque houve um "defeito legal" no julgamento que afetou seu resultado.
O procurador disse que esta decisão foi adotada de acordo com as funções da Procuradoria-Geral, e não por influência de alguma força política.
Os outros réus no processo eram os filhos do ex-presidente, Alaa y Gamal, o ex-ministro do Interior, Habib al Adli, e seis de seus ajudantes, assim como o empresário foragido Hussein Salem.
Segundo o tribunal que emitiu a decisão, a procuradoria acusou em um primeiro momento Al Adli e seus ajudantes por cumplicidade no assassinato de centenas de manifestantes, mas não incluiu "como devia" Mubarak entre os processados.
Por isso, o juiz absolveu Al Adli e desprezou as acusações apresentados contra Mubarak, o que contrasta com as penas a prisão perpétua ditadas contra eles em um primeiro julgamento, que foi cancelado por irregularidades.
Em relação aos casos de corrupção, Mubarak foi absolvido junto a seus filhos e o empresário foragido pela venda irregular de gás a Israel por falta de provas, e pela compra de cinco mansões pela prescrição do delito.
Mubarak, atualmente sob prisão domiciliar em um hospital no Cairo, foi detido em abril de 2011.
Várias forças políticas egípcias expressaram ontem sua "decepção e ira" diante das decisões judiciais e lançaram uma campanha para que Mubarak seja novamente julgado. O atual presidente do país, Abdul Fatah ao Sisi, assegurou que o Egito não irá retroceder ao passado.