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Procuradoria adverte para risco de fuga de ex-assessor de Trump

A procuradoria cita as diferentes escapadas de Manafort ao exterior para mostrar que o acusado é um experiente viajante que poderia fugir a qualquer momento

Manafort: ele se uniu à campanha de Trump em março de 2016 e a dirigiu entre maio e agosto (Carlo Allegri/Reuters)

Manafort: ele se uniu à campanha de Trump em março de 2016 e a dirigiu entre maio e agosto (Carlo Allegri/Reuters)

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EFE

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 20h29.

Washington - Paul Manafort, ex-chefe de campanha do hoje presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitou Espanha, México, Cuba e Panamá em 2016, dentro das várias viagens que lhe levaram a ser acusado de lavagem de dinheiro na investigação sobre a suposta ingerência da Rússia nas eleições americanas de 2016.

Segundo um documento da procuradoria, ao qual a Agência Efe teve acesso nesta quarta-feira, Manafort e seu "número dois" na campanha de Trump, Rick Gates, criaram uma "rede de entidades e contas bancárias" em diferentes países para ocultar as receitas que obtinham do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich (2010-2014), vinculado a Moscou.

A procuradoria cita as diferentes escapadas de Manafort ao exterior para mostrar que o acusado é um experiente viajante que poderia fugir a qualquer momento para escapar das 12 acusações formuladas contra ele pelo procurador especial, Robert Mueller.

Mueller lidera uma investigação sobre a suposta ingerência da Rússia nos pleitos americanos de 2016 e os possíveis laços da campanha de Trump com o Kremlin.

Dessa forma, a procuradoria indica que, na última década, Manafort tramitou até dez solicitações de passaportes e, na atualidade, tem três passaportes americanos com diferentes números.

Com esses passaportes, em 2016, Manafort conseguiu viajar para Dubai, Cancun, Cidade do Panamá, Havana, Madri, Xangai, Tóquio e as ilhas Cayman, consideradas um paraíso fiscal.

Além disso, tanto Gates como Manafort viajaram para o Chipre, onde os dois acusados escondiam "muitas" das suas contas bancárias no exterior, segundo o documento da procuradoria.

Os acusados supostamente usaram essas contas no exterior para ocultar a origem ilícita de até US$ 75 milhões, que obtiveram principalmente do governo pró-Rússia da Ucrânia e de outros oligarcas russos, aos quais ajudaram, por exemplo, a melhorar sua imagem nos Estados Unidos.

Apenas Manafort conseguiu lavar até US$ 18 milhões para comprar luxuosas propriedades em Nova York, Virgínia e Flórida.

Além disso, em março deste ano, o próprio Manafort registrou um número de telefone e uma conta de e-mail sob um pseudônimo e usou esse dispositivo para viajar para o Equador em 9 de maio, à China em 23 de maio e para realizar outra viagem ao México em junho deste ano, segundo consta no documento da procuradoria.

A procuradoria citou todas estas viagens como argumento para pedir a uma juíza dos EUA que mantenha Manafort e Gates em prisão domiciliar para evitar que fujam.

Os investigadores consideram que o risco de fuga é muito alto porque ambos podem ser condenados a "significativas sentenças" de vários anos e, além disso, se fugirem, poderiam "viver confortavelmente" e ter acesso a grandes quantias de dinheiro em diferentes países do mundo, como a Rússia, devido às suas importantes conexões.

Atualmente, Manafort e Gates só podem sair das suas casas para apresentar-se ao tribunal, reunir-se com seus advogados, comparecer a consultas médicas ou a atividades religiosas.

As acusações contra os dois foram divulgadas nesta segunda-feira e, em seguida, uma juíza impôs uma fiança de US$ 10 milhões para Manafort e de US$ 5 milhões para Gates, além de confiscar seus passaportes.

O processo contra Manafort e Gates é resultado da investigação iniciada em maio pelo procurador especial Robert Mueller para examinar os possíveis laços entre membros da campanha do atual presidente e o governo russo, o qual os EUA acusam de interferir a favor de Trump nas eleições de 2016.

As acusações contra Manafort e Gates não estão relacionadas com as atividades que fizeram para a campanha de Trump, mas revelam importantes laços com a Rússia entre 2006 e 2017, um período que se sobrepõe com o trabalho dos dois suspeitos para a campanha presidencial.

Manafort se uniu à campanha em março de 2016 e a dirigiu entre maio e agosto, quando teve que se demitir após descobrir-se que tinha recebido US$ 12,7 milhões por assessorar Yanukovich.

Gates, considerado o protegido de Manafort, seguiu vinculado à campanha e, após as eleições de novembro, esteve envolvido na organização da transferência de poder do ex-presidente Barack Obama a Trump.

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