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Procuradora na Geórgia admite 'relacionamento' com promotor de caso contra Trump no estado

Defesa de um dos acusados pedia que Fani Willis, o promotor Nathan Wade e o escritório dela fossem afastados do processo, ligado às eleições de 2020

Apesar da defesa concisa apresentada nesta sexta-feira, o silêncio de Willis nos últimos dias deu a Trump e seus aliados munição contra a acusação na Geórgia (Chip Somodevilla/AFP)

Apesar da defesa concisa apresentada nesta sexta-feira, o silêncio de Willis nos últimos dias deu a Trump e seus aliados munição contra a acusação na Geórgia (Chip Somodevilla/AFP)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 18h54.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2024 às 19h01.

A procuradora do distrito de Fulton, no estado americano da Geórgia, Fani Willis admitiu nesta sexta-feira ter um "relacionamento pessoal" com um promotor contratado por ela para liderar a acusação contra o ex-presidente Donald Trump, relacionada à tentativa de reverter os resultados da eleição de 2020. A defesa de um dos aliados de Trump, também citado no processo, queria desqualificar toda a equipe da procuradora, mas ela afirmou que o relacionamento não era motivo para afastá-los e derrubar todo o trabalho da acusação. Willis nega que seja um elemento que atrapalhe o processo.

Na argumentação de 176 páginas entregue nesta sexta-feira, Willis afirma que não tinha qualquer tipo de envolvimento com Nathan Wade, contratado para ser o promotor especial do caso contra Trump em 2021. Foi apenas em 2022, quando o processo já estava em curso, que os dois "desenvolveram uma relação pessoal, além da associação profissional e amizade", alegou na argumentação. Willis ainda defende as credenciais de Wade e ataca as alegações feitas pela defesa de Michael Roman, um dos 14 corréus do caso contra Trump na Geórgia.

"Esse não é um exemplo de advocacia zelosa, tampouco é um esforço de boa-fé para desenvolver um fato em uma questão legal em disputa, é apenas um ingresso para o circo", escreveu Willis, pedindo ainda que uma audiência para discutir as acusações de conduta indevida, marcado para o dia 15 de fevereiro, seja cancelada. Para a promotora, o relacionamento não viola os códigos de ética internos, tampouco é argumento para atrasar a análise do caso contra Trump.

Quem são as peças no jogo de xadrez das eleições?

No mês passado, a defesa de Michael Roman anexou ao processo original uma moção alegando que Willis contratou Wade para ser o promotor especial do caso na Geórgia por conta de um relacionamento que teria começado ainda em 2019. Ele alegou que Willis teria se beneficiado financeiramente da contratação, incluindo através de viagens pagas por Wade. Nas alegações, a procuradora rejeitou as acusações.

"Embora as alegações levantadas nas numerosas moções tenham sido lascivas e gerado atenção da imprensa, como elas foram feitas para obter, nenhuma delas ofereceu à Corte qualquer base legal para obter medidas por eles desejadas", escreveu Willis.

Ela completa dizendo que a relação dela com Nathan Wade "jamais envolveu qualquer benefício financeiro direto ou indireto". Na argumentação, ela ainda apontou que outras pessoas envolvidas no processo têm relacionamentos amorosos, e isso jamais foi apontado como uma quebra de ética.

"Até a apresentação da moção de Roman, as vidas privadas dos participantes deste julgamento não eram um tópico de discussão", afirmou.

Acusação na Geórgia

Apesar da defesa concisa apresentada nesta sexta-feira, o silêncio de Willis nos últimos dias deu a Trump e seus aliados munição contra a acusação na Geórgia. Apesar da falta de evidências concisas sobre uma quebra de conduta por parte dos dois, elementos pontuais, como faturas de cartão de crédito fornecidas pela esposa de Wade, de quem ele está se divorciando, municiaram a narrativa de benefício financeiro. No mês passado, Willis recebeu uma intimação para testemunhar no caso de divórcio do casal.

A pressão foi tamanha que até um aliado da promotora, Norman Eisen, conselheiro especial do Comitê Judiciário da Câmara durante o primeiro impeachment de Trump, em 2020, defendeu que Wade se afastasse do cargo.

Resta agora saber se a moção de Michael Roman vai afetar um caso que é um dos mais preocupantes para o ex-presidente Donald Trump. No processo, o republicano é acusado de tentar subverter os resultados da votação no estado em 2020, vencida pelo democrata Joe Biden — em um dos episódios mais conhecidos, ele chegou a telefonar para o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, exigindo que "encontrasse" os votos necessários para derrotar Biden. Dos 19 réus, quatro já se declararam culpados, e uma delas, Jenna Ellis, afirmou em um depoimento sentir "um imenso remorso" ao olhar para seus atos passados.

(Com The New York Times)

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