Mundo

Pró-ocidentais buscam alianças após vitória na Ucrânia

Resultados parciais demonstram o apoio dado à posição de Poroshenko, que deseja que o país de 45 milhões de habitantes abandone a órbita russa

Pessoas andam em volta de pilha de jornais com primeira capa trazendo informações sobre as eleições legislativas do país ucraniano, na cidade de Kiev (Sergei Gapon/AFP)

Pessoas andam em volta de pilha de jornais com primeira capa trazendo informações sobre as eleições legislativas do país ucraniano, na cidade de Kiev (Sergei Gapon/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 14h40.

Kiev - Os partidos pró-ocidentais e nacionalistas da Ucrânia buscavam nesta segunda-feira uma aliança de governo depois da vitória arrasadora nas eleições legislativas de domingo, que deram um forte apoio à estratégia do presidente Petro Poroshenko de aliar-se com a Europa e acabar com o separatismo pró-Rússia.

Os resultados parciais demonstram o apoio dado à posição de Poroshenko, que deseja que o país de 45 milhões de habitantes e membro da ex-União Soviética abandone a órbita russa, apesar da dura oposição do Kremlin.

Os observadores internacionais indicaram nesta segunda-feira que as eleições ocorreram conforme previsto e segundo as regras democráticas, apesar de "alguns incidentes isolados", principalmente ameaças e intimidações.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, denunciou inúmeras violações, ainda que assegurando que Moscou reconhecerá os resultados das eleições.

Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, felicitou os ucranianos pelo sucesso das eleições que mobilizaram milhões de eleitores de forma tranquila, apesar do ambiente difícil em certas regiões do país.

Contudo, o presidente americano lamentou o fato "de as autoridades russas que ocupam a Crimeia e os separatistas apoiados pela Rússia em algumas áreas" de impedirem muitos cidadãos de exercer seu direito democrático.

No leste do país, em Donetsk, maior reduto separatista, disparos de foguetes nesta segunda-feira acabaram com um fim de semana de relativa calma.

O exército ucraniano afirmou que os rebeldes haviam lançado foguetes contra suas posições perto da cidade costeira de Mariupol. As autoridades também anunciaram a morte de dois soldados na região de Lugansk, os primeiros militares falecidos na última semana.

Aproximação irreversível

Os resultados parciais confirmam que as cinco formações favoráveis a uma aproximação com a UE obtiveram cerca de 70% dos votos.

Apurados 55% dos votos, a Frente Popular do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk está na liderança, com 21,6%. O Bloco de Poroshenko está bem próximo, com 21,5%.

O terceiro é o partido conservador Samopomich (Autoajuda), com 11%.

Os eleitores, por outro lado, deram as costas aos partidos pró-russos vinculados ao ex-regime de Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro, e aos veteranos da política, como a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko.

Com este resultado, os analistas preveem uma aliança de igual para igual entre o presidente Poroshenko e Yatseniuk, bem posicionado para continuar como chefe de governo.

"As pessoas votaram na dupla Poroshenko-Yatseniuk", afirmou Vadim Karasyov, do Instituto de Estratégias Globais de Kiev.

As eleições só não foram realizadas na Crimeia, anexada à Rússia e março, nem nas zonas controladas pelos separatistas nas regiões orientais de Lugansk e Donetsk. Por isso, das 450 cadeiras do parlamento, 27 permanecerão vagas.

Segundo Poroshenko, os ucranianos votaram em massa por uma aproximação irreversível de seu país com a Europa.

"Mais de 75% dos eleitores que participaram na votação apoiaram de maneira contundente e irreversível a orientação da Ucrânia para a Europa", declarou o presidente em um discurso à nação.

Ainda segundo ele, os ucranianos também votaram para uma solução pacífica do conflito armado no leste ucraniano.

Também para o Kremlin, os partidos que defendem o processo de paz para por fim ao conflito no leste ucraniano foram os grandes vencedores nas eleições legislativas de domingo, segundo afirmou nesta segunda-feira o vice-ministro das Relações Exteriores, Grigory Karasin.

"Está claro que os partidos que apoiam uma solução pacífica para a crise interna na Ucrânia receberam uma maioria parlamentar", declarou Karasin, citado pela agência Ria Novosti.

A votação transcorreu sem incidentes, com exceção do ocorrido na região de Kirovograde, centro do país, onde três conhecidos candidatos do bloco governamental foram agredidos a pedradas quando gravavam em vídeo uma tentativa de compra de votos.

A campanha eleitoral terminou na sexta-feira sem um grande comício ou manifestação, ofuscada pela guerra que causou mais de 3.700 mortos desde abril e forçou mais de 800 mil pessoas a fugir de suas casas.

Após as eleições, a primeira tarefa do chefe de Estado será construir uma coligação forte, capaz de adotar duras medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais da Ucrânia, o FMI e Bruxelas à frente.

O processo de paz iniciado pelo presidente não foi suficiente para parar completamente os combates, e os separatistas, que controlam partes das regiões de Donetsk e Lugansk, se preparam para realizar as suas próprias eleições em 2 de novembro.

Um cessar-fogo foi alcançado no início de setembro entre Kiev e os rebeldes, com a participação da Rússia, mas intensos combates prosseguem em alguns redutos de resistência, provocando a morte de civis quase diariamente.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEleiçõesEuropaGovernoRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA