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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2014 às 16h49.
Montevidéu - Quarenta e dois refugiados sírios - em sua maioria crianças - chegaram nesta quinta-feira ao Uruguai, informou à AFP uma fonte da Presidência uruguaia.
Esta é a primeira etapa de um plano de reassentamento de refugiados inédito na região, promovido pelo presidente José Mujica.
A chegada foi cercada por uma rígida operação de segurança, que impediu a entrada da imprensa na Base Aérea vizinha ao aeroporto, para onde foram levados os refugiados sírios. O presidente Mujica recebeu os recém-chegados.
Exibindo bandeiras nacionais e mensagens de boas-vindas, dezenas de pessoas aplaudiram a chegada dos refugiados.
"Tomara que venham outros", declarou à AFP Carmen Ribouria, aposentada de 63 anos. "Eles estão vivendo uma situação horrível e precisamos ajudá-los. Os outros países da América do Sul também deviam fazer a mesma coisa", acrescentou.
"Já fui imigrante também. vivi na Austrália por 40 anos e sei como é difícil. É tudo novo, o idioma é diferente, é complicado se adaptar", afirmou Oscar Zamora, também aposentado.
Hassan Mamari, um sírio que vive há décadas no Uruguai, foi receber os compatriotas.
"É um dia alegre e triste ao mesmo tempo. Triste porque nunca imaginei o que está acontecendo no meu país. E alegre porque recebi parte de minha terra, gente de meu país, neste país maravilhoso que é o Uruguai", explicou.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal Búsqueda, 69% dos uruguaios concordam em receber as famílias sírias.
O primeiro grupo é integrado por cinco famílias: uma com 14 integrantes, outra com 12, duas famílias com seis pessoas cada uma e a última com quatro.
A maioria dos membros das famílias é de menores de idade, o principal quesito do governo na hora de fazer a seleção.
"Alguns estão um pouco ansiosos, outros estão muito felizes", comentou o secretário de Direitos Humanos Javier Miranda, encarregado dos refugiados e que viajou com eles durante dois dias a partir do Líbano.
Plano inédito
O Uruguai é o primeiro país da região a implementar um plano deste tipo, elaborado em coordenação com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e com o apoio da Organização Internacional das Migrações (OIM).
"Para nós, é um momento de reivindicação das melhores tradições do Uruguai, de prestar apoio, assistência e soluções humanitárias em momentos difíceis", ressaltou à imprensa o chanceler Luis Almagro. Foram os relatos de Almagro sobre os campos de refugiados na Jordânia que levaram Mujica a lançar o projeto.
O ambicioso programa - que envolve ajuda às famílias para que consigam emprego e moradia - custará entre 2,5 e 3 milhões de dólares.
Em uma segunda etapa, está prevista a chegada de outros 80 refugiados no final de fevereiro de 2015.
Em seus primeiros dois meses no país, as famílias viverão no Lar dos Maristas, onde aprenderão espanhol e terão suas primeiras noções a respeito da cultura uruguaia. Os adultos participarão de programas de capacitação para que possam entrar no mercado de trabalho.
Depois de mais de três anos de guerra civil e diante do recente avanço dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), a ONU calcula que o número de refugiados sírios já tenha superado a faixa de três milhões, ou seja, quase a população total do Uruguai.