Famílias das vítimas do Domingo Sangrento: as autoridades britânicas aceitaram investigar os fatos em 2012 (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2015 às 10h58.
Um ex-soldado foi detido em função da matança de 14 manifestantes em Londonderry, Irlanda do Norte, em 1972, no episódio que ficou conhecido como "Domingo Sangrento", informou nesta terça-feira o ministério da Defesa britânico.
Este é o primeiro militar detido por esses fatos.
"Temos conhecimento de que um soldado foi detido pela polícia norte-irlandesa em conexão com sua investigação dos acontecimentos no Domingo Sangrento", afirmou um porta-voz do ministério da Defesa, que preferiu não realizar comentários por ora.
A polícia da província britânica da Irlanda do Norte confirmou a prisão de um homem de 66 anos no condado de Antrim, centro da Irlanda do Norte.
Esta é a primeira prisão depois que as autoridades britânicas aceitaram investigar os fatos em 2012, após a publicação de um relatório que chegou à conclusão de que nenhuma das vítimas representava uma ameaça para os soldados quando dispararam contra elas.
Depois das conclusões, o primeiro-ministro britânico David Cameron classificou a ação do exército como "injustificada e injustificável".
O chefe da investigação, Ian Harrison, disse que a prisão abre "uma nova fase no conjunto do inquérito e que estava fase vai durar algum tempo".
A matança do "Domingo Sangrento" foi um dos episódios mais brutais dos 30 anos do conflito norte-irlandês, chamado eufemisticamente de "distúrbios" e foi o título de uma da canções mais famosas do grupo irlandês U2, "Sunday Bloody Sunday".
O conflito norte-irlandês opôs protestantes partidários de que a região do Ulster continuasse sendo britânica, com o apoio do exército britânico, e os católicos, que queriam se integrar à Irlanda e que tinham os terroristas do IRA como seu braço armado.
A questão foi decidida com os acordos de paz da Sexta-feira Santa, em 1998.