Mundo

Primeiro-ministro líbio acata anulação de designação

Ahmad Maitiq mostrou conformidade com a decisão emitida pelo Supremo Tribunal líbio, a qual invalida sua designação como chefe de governo

Ahmad Maitiq: Maitiq foi eleito chefe de governo em uma votação que acabou invalidada (Ismail Zitouny/Reuters)

Ahmad Maitiq: Maitiq foi eleito chefe de governo em uma votação que acabou invalidada (Ismail Zitouny/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2014 às 11h14.

Trípoli - O chefe de governo da Líbia, Ahmad Maitiq, mostrou conformidade com a decisão emitida nesta segunda-feira pelo Supremo Tribunal líbio, a qual invalida sua designação à frente do Executivo por considerá-la contrária aos princípios constitucionais do país.

"Vou ser o primeiro a cumprir uma decisão do tribunal e a respeitar os juízes", disse Maitiq pouco depois de tomar conhecimento da sentença do Supremo Tribunal que determinou a anulação dos resultados da eleição realizada no início de maio.

Maitiq foi eleito chefe de governo em uma votação que acabou invalidada pelo primeiro vice-presidente do parlamento, Azeldin al Awami - que atuava como presidente interino -, por considerar que o pleito havia sido realizado após o término da sessão parlamentar.

No entanto, um dia depois, a máxima autoridade da Assembleia legislativa, Nouri Abu Sahmin, contrariou essa decisão de Awami, ratificou a escolha de Maitiq e lhe encarregou de formar um novo governo.

Após toda essa polêmica em torno da eleição, o Executivo saliente de Abdullah Al-Thani se negou a ceder o poder à nova equipe sem uma decisão final por parte do Superior Tribunal.

"O que ocorreu hoje é um das maiores conquistas do Estado de Direito e das instituições que todos desejamos", ressaltou Maitiq, que havia alcançado sua designação graças ao apoio da corrente islâmica no Parlamento.

A escolha do novo gabinete gerou uma crise institucional no país que se agravou vários dias depois, principalmente após o último dia 16 de maio, quando o general reformado Jalifa Hafter protagonizou uma sublevação no leste do país para "acabar com as milícias islamitas e os grupos terroristas que operam em Benghazi", a segunda cidade maior da Líbia.

Diante das pressões, dos desacordos entre os diferentes grupos parlamentares e da degradação da situação de segurança, o Congresso Nacional líbio fixou as eleições legislativas para o próximo dia 25 de junho, em uma tentativa de pôr fim à crise.

Esta situação de ingovernabilidade, somada aos confrontos armados entre as tropas fiéis a Hafter e as milícias do 17 de Fevereiro e do Ansar al Sharia, também fez soar os alarmes entre um grande número de países da região e da comunidade internacional, que temem um eventual colapso do regime líbio.

As principais organizações internacionais, como a ONU, a União Africana e a Liga Árabe, nomearam enviados especiais para a Líbia, assim como os Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, Itália e Turquia.

Na última semana, o enviado do secretário-geral da ONU para a Líbia, Tareq Mitri, anunciou o lançamento de uma iniciativa para promover um diálogo político entre "várias personalidades líbias influentes", a qual deveria ser iniciada uma semana antes da data fixada para as eleições parlamentares.

Esta iniciativa de diálogo se soma a outras similares, como a proposta pela Argélia e que reuniu os países vizinhos da Líbia com a intenção de pressionar às autoridades do país mediterrâneo para que encontrem uma solução política e evitem um maior descontrole da situação.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCrise políticaLíbiaPolítica

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia