Líbano: o primeiro-ministro demissionário insistiu que as eleições legislativas devem acontecer na data prevista (9 de junho), "quaisquer que sejam as circunstâncias". (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2013 às 17h26.
Beirute - O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia após uma reunião do governo marcada pelas divergências entre seus membros sobre a realização de eleições legislativas.
O próprio Mikati explicou diante da sede do Conselho de Ministros que sua renúncia se deve também às diferenças dentro do gabinete sobre a prorrogação do mandato do chefe da Polícia, general Ashraf Rifi, que foi rejeitada pelo grupo xiita Hezbollah.
"Hoje anuncio a renúncia de meu governo e espero que seja uma via para que todos os grupos assumam sua responsabilidade e retomem o diálogo", afirmou Mikati.
O primeiro-ministro demissionário insistiu que as eleições legislativas devem acontecer na data prevista (9 de junho), "quaisquer que sejam as circunstâncias", mas reconheceu que após o ocorrido no Conselho de Ministros, "nenhum projeto de lei será adotado nos prazos constitucionais".
Mikati reconheceu que teve intenção de renunciar em duas ocasiões anteriores, uma delas quando teve que abonar a parcela correspondente ao Líbano para o tribunal especial da ONU que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro, Rafik Hariri, em fevereiro de 2005, ao que se opôs o Hezbollah.
O Executivo libanês que renunciou hoje foi incapaz de alcançar um consenso para a formação de uma comissão eleitoral que supervisione o pleito de junho, já que o Hezbollah quer que se prolongue o mandato do Parlamento atual, onde tem a maioria.
O grupo xiita, por outro lado, rejeita a continuidade do general Rifi à frente da chefia da Polícia, porque o considera próximo à oposição anti-Síria.
Agora a expectativa é que o presidente do Líbano, Michel Suleiman, inicie consultas com os grupos políticos do Parlamento para escolher um novo primeiro-ministro.
Mikati foi designado chefe do Executivo em 25 de janeiro de 2011 após a queda do gabinete liderado por Saad Hariri e obteve o cargo graças ao apoio de uma coalizão liderada pelo Hezbollah.