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Primeiro-ministro da Itália Giuseppe Conte renuncia ao cargo

Conte renunciou ao cargo de primeiro-ministro, sem conseguir formar um governo de coalizão na Itália.

O ex-primeiro ministro da Itália, Giuseppe Conte (Remo Casilli/Reuters)

O ex-primeiro ministro da Itália, Giuseppe Conte (Remo Casilli/Reuters)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2018 às 17h04.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 12h07.

O presidente italiano, Sergio Mattarella, convocou, neste domingo (27), o economista Carlo Cottarelli, pouco depois de o advogado Giuseppe Conte renunciar ao cargo de primeiro-ministro, sem conseguir formar um governo de coalizão na Itália, anunciou a Presidência.

Na quarta-feira passada, o presidente Sergio Mattarella tinha designado Conte, de 53 anos, para tentar formar um Executivo com a formação antissistema Movimento 5 Estrelas e a de extrema direita Liga, quase três meses depois das eleições, que aconteceram em 4 de março.

"Posso lhes garantir que eu dei o melhor dos meus esforços e atenção para cumprir essa tarefa e posso lhes garantir que fiz isso em um clima de colaboração total com os representantes das forças políticas que me fizeram candidato", disse Conte.

A decisão foi tomada após o desentendimento entre as formações populistas e o presidente Mattarella acerca do candidato a ministro de Economia e Finanças, o economista Paolo Savona, de 81 anos, conhecido por suas posições eurocéticas, o que preocupa os mercados financeiros e as autoridades da União Europeia.

As duas partes não chegaram a um acordo sobre o Executivo e, em particular, sobre o nome para guiar a terceira maior economia da zona do euro.

"É inútil votar na Itália. Os governos são decididos pelos lobbies financeiros. Trata-se de uma posição inédita das instituições", reagiu Luigi Di Maio, líder do M5E.

"Somos um país com uma soberania limitada", criticou o líder da Liga, Matteo Salvini. "Trabalhamos durante semanas para dar à luz um governo que defenda os interesses dos cidadãos italianos. Mas alguém (sob pressão de quem?) nos disse não", reagiu.

Novo nome

Em uma mensagem oficial, o presidente Mattarella explicou que pediu como candidato para a pasta estratégica um expoente político, e não um "defensor da saída da Itália do euro", pois "isso põe em risco as poupanças dos italianos", apontou.

Mais tarde, a Presidência anunciou a convocação de Cottarelli, de 64 anos, que foi funcionário de alto escalão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ganhou o apelido de "Sr. Tesoura" quando foi encarregado da revisão das despesas públicas do país no governo de Enrico Letta (centro-esquerda), em 2013.

Mattarella também garantiu ter facilitado "de todas as formas a tentativa de alcançar um governo". "Eu esperei o tempo que eles (M5E e Liga) me pediram para chegar a um acordo de programa e para aprová-lo com suas bases de militantes", explicou.

"Ninguém pode, portanto, afirmar que eu tenha criado obstáculos para um governo definido como um governo de mudança", disse.

Na Itália, o presidente aprova a lista de ministros de acordo com a ordem política do país.

O presidente disse ter "compartilhado e aceitado todas as propostas para (nomeações de) ministro, à exceção do ministro da Economia".

"A nomeação do ministro de Economia é sempre uma mensagem imediata de confiança ou de preocupação para os operadores econômicos e financeiros", explicou.

Para Mattarella, "a adesão ao euro é uma escolha de importância fundamental para as perspectivas da Itália e da sua juventude".

Esse enfrentamento entre dois partidos e o presidente da República é inédito no país.

As formações M5E e Liga, os dois partidos mais votados nas eleições, chegaram, após semanas de negociações, a um complexo acordo político, bem como à formação de um Executivo, que o presidente Mattarella acabou não aceitando.

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