Mundo

Primeiro-ministro da França é derrubado pela Assembleia Nacional após impasse sobre Orçamento

Com a decisão, o governo de Michel Barnier se torna o mais curto desde 1958, com duração inferior a 100 dias

O negociados da UE para o Brexit, Michel Barnier (Vincent Kessler/Reuters)

O negociados da UE para o Brexit, Michel Barnier (Vincent Kessler/Reuters)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 16h44.

Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 16h50.

O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, foi deposto pela Assembleia Nacional nesta quarta-feira, após uma moção de censura aprovada por parlamentares da esquerda e da extrema direita. Ao todo, 331 deputados votaram pela queda do governo, número que supera os 289 necessários. Com essa decisão, o governo de Barnier, nomeado por Emmanuel Macron em setembro, se torna o mais curto desde a fundação da Quinta República francesa em 1958, com menos de 100 dias de duração.

Orçamento de 2025 e crise política em ascensão

A queda do governo ocorre no contexto do impasse em torno do Orçamento de 2025, e agrava ainda mais a crise política na França, que perdura desde as eleições parlamentares de julho. Nessa eleição, nenhum partido conseguiu maioria suficiente para formar um governo. [Grifar] O evento intensifica os questionamentos sobre a capacidade de Macron de garantir governabilidade até, pelo menos, junho de 2025, quando ele poderá dissolver a Assembleia Nacional novamente.

Desafios para Macron até 2027

Na prática, Emmanuel Macron poderá continuar no cargo até 2027, quando seu segundo e último mandato terminará. Contudo, ele enfrentará o desafio de nomear um novo primeiro-ministro capaz de obter apoio suficiente para aprovar o orçamento ainda este mês. A situação é ainda mais difícil com o déficit público do país atingindo quase 6% do PIB, o dobro do limite de 3% estabelecido pela União Europeia.

Uso do artigo 49.3 e suas consequências

O estopim para a queda de Barnier foi o uso do Artigo 49.3 da Constituição francesa, que permite aprovar uma proposta sem a necessidade de aprovação da Assembleia Nacional, a equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. O premier usou o mecanismo para passar a seção de Seguridade Social do orçamento, que já havia sido rejeitada tanto pela coalizão de esquerda (Nova Frente Popular - NFP) quanto pela extrema direita, liderada por Marine Le Pen e o Reagrupamento Nacional (RN). [Grifar] Esta mesma manobra já havia sido adotada no ano anterior pela então primeira-ministra Elisabeth Borne para aprovar a reforma da Previdência, que gerou protestos massivos no país.

Com a crise política em andamento e um Parlamento dividido, Macron se vê em uma posição ainda mais delicada, enfrentando uma governabilidade frágil e desafios orçamentários iminentes.

Acompanhe tudo sobre:FrançaEmmanuel Macron

Mais de Mundo

China adverte EUA a 'não brincar com fogo' após Pequim ser acusado de planejar uma invasão em Taiwan

Tempestade incomum de granizo atinge cidade de Alexandria, no Egito

Hamas responde proposta de trégua dos EUA e propõe liberação gradual de reféns

Terremoto de magnitude 6,1 atinge Japão, sem provocar alerta de tsunami