Mundo

Primeiro-ministro da Eslováquia baleado: o que se sabe até agora sobre o atentado

Robert Fico já expressou posições anti-imigração de muçulmanos e contra o casamento gay

Fico já havia sido premiê entre 2006 e 2010 e depois entre 2012 e 2018 (Balazs Mohai/Bloomberg)

Fico já havia sido premiê entre 2006 e 2010 e depois entre 2012 e 2018 (Balazs Mohai/Bloomberg)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 16 de maio de 2024 às 06h46.

Última atualização em 16 de maio de 2024 às 15h53.

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi baleado nesta quarta-feira, Ele foi atingido enquanto cumprimentava pessoas em frente a um centro cultural comunitário na cidade de Handlova (a 180km da capital Bratislava), onde realizou uma reunião do governo.

Miriam Lapunikova, diretora do Hospital Universitário F D Roosevelt, em Banska Bystrica, onde Fico está internado, disse que o primeiro-ministro foi submetido a uma cirurgia de cinco horas com duas equipes para tratar de vários ferimentos por bala. Fico foi alvo de cinco tiros.

O quadro do premiê é "muito grave", mas estável, segundo um funcionário do hospital. Segundo informações divulgadas nesta quinta-feira pelo vice-primeiro-ministro, Tomas Taraba, o premiê já não corre mais risco de morrer. O presidente eleito, Peter Pellegrini, disse que Fico "já consegue falar", mas ainda está em estado crítico. Pellegrini disse também que pediu a suspensão da campanha para as eleições europeias de junho no país.

O que se sabe até agora

Vários disparos foram ouvidos antes de seguranças colocarem o premiê dentro de um carro que estava próximo. Fico foi levado de helicóptero ao hospital, e o suposto autor dos disparos, um homem de 71 anos, foi detido pela polícia.

Segundo a imprensa eslovaca, o atirador era um ex-segurança de um shopping center e membro da Sociedade Eslovaca de Escritores. O idoso já teria feito publicações contra imigrantes e pró-Rússia nas redes sociais.

Repercussão política

A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputova, disse estar chocada com o ataque "brutal e implacável" ao primeiro-ministro. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou o ataque, que chamou de "crime hediondo sem justificativa".

O primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, disse que a notícia é um "choque". A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse "condenar fortemente o ataque" -- a Eslováquia faz parte da União Europeia desde 2004.

Entre os líderes que condenaram o atentado também estão o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Quem é Robert Fico

Robert Fico, de 59 anos, voltou ao poder na Eslováquia depois das eleições de setembro do ano passado, liderando uma coligação populista-nacionalista.

Seus primeiros meses como primeiro-ministro neste novo mandado se revelaram controversos. Em janeiro, mesmo sendo membro da OTAN, a Eslováquia suspendeu a ajuda militar à Ucrânia e, no mês passado, avançou com planos para acabar com a emissora pública RTVS.

Fico também já deu declarações condenando o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por esses casais. Em questões econômicas, ele implementou reformas que dão direito a aviso prévio, regras mais rígidas para horas extras e mais poder a sindicatos.

Ele já expressou posições anti-imigração de muçulmanos para o país e, em política externa, é visto como pró-Rússia e contra a instalação de bases militares dos EUA na Europa Central.

Durante a pandemia, na oposição, ele promoveu uma campanha de desinformação contra a Covid-19 e as vacinas, chegando a compará-las a armas biológicas.

Fico já havia sido premiê entre 2006 e 2010 e depois entre 2012 e 2018. Desta última vez, ele renunciou  ao ser pressionado pela oposição depois do assassinato de um jornalista que investigava  corrupção em seu governo.

Acompanhe tudo sobre:Eslováquia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'