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A era Trump continua? Sob tensões, Biden e Putin se encontram pela 1ª vez

O presidente americano, Joe Biden, está em Genebra para uma cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin. Sobram acusações de ambos os lados desde a posse de Biden

Putin assiste a discurso de Biden na Cúpula do Clima, em abril: tensões aumentam entre os dois presidentes (Alexei DruzhininTASS/Getty Images)

Putin assiste a discurso de Biden na Cúpula do Clima, em abril: tensões aumentam entre os dois presidentes (Alexei DruzhininTASS/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 16 de junho de 2021 às 06h00.

Última atualização em 16 de junho de 2021 às 17h55.

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Da lista de coisas que não mudaram na administração nos Estados Unidos desde a posse de Joe Biden, uma delas é a relação tensa com a Rússia do presidente Vladimir Putin.

O desafio das duas potências nos próximos anos fica claro nesta quarta-feira, 16, quando Biden e Putin se encontram em Genebra, na Suíça, para seu primeiro encontro desde que o presidente americano chegou ao cargo, em janeiro.

O encontro na Suíça se deve ao fato de o país ser visto como um território neutro. Será o primeiro encontro de Biden e Putin com o democrata na presidência americana, embora ambos já tenham se encontrado quando Biden era vice de Barack Obama, entre 2009 e 2016, e um dos principais responsáveis pela política de relações internacionais na época.

Na pauta de hoje, estão temas como estabilidade nuclear, mudanças climáticas, a pandemia do coronavírus e segurança cibernética -- após um ataque de hackers russos à empresa americana Colonial Pipeline em maio, gerando interrupção no fornecimento de petróleo.

Uma das questões na agenda de Biden é a prisão do opositor russo Alexei Navalny, preso pelo regime de Putin e que sofreu uma tentativa de envenenamento. Opositores têm feito uma série de protestos contra Putin nas cidades russas nos últimos meses, ao mesmo tempo em que um referendo mudou as regras eleitorais para permitir que Putin fique no poder até 2036.

"A morte de Navalny seria outra indicação de que a Rússia tem pouca ou nenhuma intenção de respeitar os direitos humanos fundamentais básicos, seria uma tragédia, não faria nada além de prejudicar as relações com o resto do mundo, e comigo", disse Biden.

Outro tema sempre presente é a presença russa na Ucrânia, após Putin ter anexado a Crimeia em 2014. A presença russa em guerras estrangeiras como da Síria e sua relação com o Irã também devem aparecer.

Retorno dos americanos no G7

Biden desembarcou em Genebra na terça-feira, 15, após suas primeiras reuniões com os líderes do G7 e da Otan, aliança militar ocidental.

Em ambos os eventos, tradicionalmente importantes para a hegemonia dos EUA, Biden tentou se reaproximar dos aliados, como Europa e Japão, alianças que haviam se enfraquecido durante os anos de governo Trump.

A aproximação das potências teve dois alvos claros: Rússia e China. Após os encontros, clássicas tensões com os dois rivais foram levantadas, como a guerra comercial com a China, a discussão sobre a origem do coronavírus e, no caso da Rússia, acusações de espionagem e de ameaças aos aliados da Otan.

Após o encontro da Otan, Biden disse que os líderes mundiais o agradeceram pela reunião com Putin. "Todos os líderes aqui, a maioria mencionou isso [o encontro] e me agradeceu por estar me reunindo com Putin", disse Biden na segunda-feira.

A relação entre EUA e Rússia vem sendo sempre tensa nos governos de todos os presidentes recentes nos EUA. Putin está no comando há duas décadas, desde os anos 2000, e desde então lidou com as gestões de republicanos e democratas -- na sequência, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump.

Em todos esses períodos, alguns desafios nas tensões entre as duas potências seguiram firmes. Como herdeira da antiga União Soviética, a Rússia ainda se posiciona como uma das rivais internacionais dos governos americanos.

Com a ascensão da internet, discussões de espionagem (agora virtual) também se tornaram frequentes, a mais notória delas as acusações de interferência nas eleições americanas em 2016, por meio da compra de postagens nas redes sociais.

A expectativa da primeira viagem internacional de Biden é marcar uma mudança de tom em relação à gestão Trump, seja com aliados ou rivais. Mas mostra também que, na frente internacional, muitos dos problemas são de difícil solução.

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